Após deter usuários de maconha, PM reprime protesto na USP com gás; alunos decidem ocupar prédio
Depois de deter três estudantes que usavam maconha dentro do campus da USP, na zona Oeste de São Paulo, a Polícia Militar reprimiu com bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta um protesto realizado por universitários contrários à detenção dos três rapazes.
Os três foram detidos por volta de 18h desta quinta-feira (27). Enquanto os policiais levavam os rapazes para um carro de polícia, um grupo de estudantes começou a protestar e impediu que os usuários fossem levados à delegacia.
Na sequência, à medida em que o protesto ganhava adesões, policiais chamaram reforços. Após mais de três horas de discussão entre representantes da polícia, estudantes e professores, começou a confusão. Segundo relatos de testemunhas, os estudantes gritavam palavras e xingamentos contra a presença da polícia. Irritados, os policiais partiram pra cima do grupo.
Alguns estudantes ficaram feridos. Testemunhas disseram que os policiais usaram balas de borracha para conter o tumulto. Segundo João Victor Pavesi, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), os três rapazes detidos concordaram em ir até a delegacia assinar um termo circunstanciado – que não tem caráter punitivo nem resulta em abertura de inquérito contra os usuários.
Os três decidiram ir à delegacia após a diretora da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), Sandra Nitrini, afirmar que não abriria processo administrativo contra eles.
Parte dos estudantes que protestavam criticou a decisão de levar os três à delegacia, o que gerou uma discussão entre os próprios universitários. Por volta de 22h, cerca de 500 estudantes se reuniram em assembleia, e por 205 votos a favor, decidiram ocupar o prédio da FFLCH quebrando a porta de vidro do local.
Como começou
Os três rapazes detidos fumavam maconha em um gramado perto do prédio da faculdade de História e Geografia quando foram abordados pelos policiais, que pegaram os documentos dos rapazes. No momento em que os PMs levavam os universitários para o carro de polícia para levá-los à delegacia, um grupo de estudantes interveio e começou um protesto contra a prisão.
Enquanto o protesto crescia, os três estudantes saíram de perto dos policiais e entraram no prédio da faculdade de História. Os PMs pediram reforço policial e começaram a procurar os três estudantes dentro do prédio. Segundo testemunhas, muitos policiais estavam sem identificação.
Após a situação ter se acalmado, professores, estudantes e policiais começaram a debater a atuação da PM dentro da USP. Por volta de 21h30, cerca de 40 policiais militares, alguns usando armamento pesado, estavam na USP. Eles aguardavam a chegada de um delegado de Polícia Civil para resolver o impasse.
Polêmica, a presença da PM na USP é criticada por grande parte dos estudantes. A presença dos policiais no campus –defendida pelo reitor, João Grandino Rodas e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)– passou a ser mais frequente e em maior número após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano.
Os contrários à PM na USP dizem que a medida abre precedente para a polícia impedir manifestações políticas que comumente ocorrem dentro do campus.
*Com reportagem de Amanda Previdelli
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