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Vereador é acusado de fazer gestos obscenos durante parada gay em Minas Gerais

Rayder Bragon

Do UOL Notícias, em Belo Horizonte

17/11/2011 11h17

O vereador Jadson do Bonsucesso Rodrigues (PDT), da cidade de Caeté (região metropolitana de Belo Horizonte), foi acusado de homofobia pelo organizador da 1ª Parada GLBT de Caeté, ocorrida no dia 6 deste mês na localidade.

De acordo com Antônio Carlos Chagas, além de se postar contrário à realização do evento, o vereador, conhecido como “Pardal”, teria feito gestos obscenos durante o desfile para os participantes da parada.

Em uma foto que circula na internet, o vereador aparece segurando a genitália. “Eu estava em cima do trio elétrico. Mas tive notícia de que ele repetiu esse gesto várias vezes. Tanto que alguém conseguiu fazer uma foto dele”, afirmou Chagas, para complementar: “Ele é homofóbico”.

Segundo o organizador do evento, não é a primeira vez que ele se desentende com o parlamentar. “Em junho deste ano, quando eu fui procurá-lo para falar sobre a intenção de realizar a parada, ele me mandou procurar atendimento psiquiátrico e afirmou que se fosse prefeito, não deixaria o evento ocorrer na cidade.”

Chagas afirmou que pretende processar o vereador e ainda disse que vai procurar, nesta quinta-feira (17), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG). “Eu vou denunciar o fato para que isso não fique impune. Havia muitas crianças na festa e, o que ele fez, foi um absurdo”, relata Chagas.

Outro lado

Em seu primeiro mandato, o vereador Jadson Rodrigues negou as acusações e afirmou ter sido vítima de “um ato extremamente covarde”. No entanto, ele admitiu ser contrário à realização do evento e ainda aconselhou Chagas a repensar sobre a parada.

“Eu disse ao Antônio Carlos que, de forma isolada, não tenho nada contra o movimento, mas eu não iria apoiá-lo. Disse a ele que deveria pensar mais para fazer um movimento dessa grandeza em uma cidade tão conservadora”, disse o vereador, aludindo a uma suposta rejeição da população à parada LGBT.

O político afirmou não ser homofóbico e lançou um desafio, afirmando acreditar que outras pessoas, a quem ele não nominou, tenham interesse em prejudicá-lo e estariam usando o organizador do evento para atingi-lo.

“Eu desafio qualquer pessoa a me apresentar alguém que eu destratei ou humilhei durante a minha vida. Eu sei de tudo que acontece na cidade. Há outros interesses envolvidos nisso e estão usando o Antônio Carlos para me atingir. Eu tenho certeza de ser vítima de perseguição”, afirmou.    

Em relação à foto, o parlamentar negou que tivesse feito gestos obscenos e afirmou que estava “descolando a cueca que estava incomodando a virilha”.

“Eu tenho um respeito muito grande pelas pessoas. Havia senhoras que ajudaram a cuidar de mim na infância e crianças. Eu jamais faria isso (gesto obsceno) em respeito a todas as pessoas.”

Rodrigues disse ainda que pessoas ao seu redor, na hora do suposto gesto, podem provar o que ele relatou. “Por que não publicaram também uma foto em que eu estou aplaudindo os participantes da parada. Eu estava ao lado da minha mulher, de forma muito tranqüila.”

Nota de repúdio

De acordo com o presidente do diretório municipal do PDT em Caeté, Rubens Purysco Júnior, o caso será levado ao conselho de ética do partido.

“Repudiamos o ato, ele terá todo o direito de defesa. Mas a minha opinião pessoal é pela sua expulsão. Ficamos extremamente chocados. Não vimos nessa atitude dele a sigla do PDT representada. O partido sempre lutou pela liberdade de expressão”, disse.

O dirigente afirmou que o partido publicará nesta quinta-feira uma nota de repúdio ao ato do vereador.