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Mulher de nome Regimar tenta na Justiça de Minas Gerais provar que não é homem

Regimar mostra documentos em que ela é identificada como sendo do sexo masculino - Antônio Augusto/Patos Hoje
Regimar mostra documentos em que ela é identificada como sendo do sexo masculino Imagem: Antônio Augusto/Patos Hoje

Rayder Bragon

Do UOL Notícias, em Belo Horizonte

18/11/2011 13h24

Uma moradora da cidade de Patos de Minas (400 km de Belo Horizonte) tenta provar na Justiça que é mulher, apesar de sua certidão de nascimento, registrada em Anápolis (GO), revelar que ela é do sexo masculino.

A dona de casa Regimar Linhares da Silva, 35, revelou que descobriu o erro em 1995, quando pretendia se casar com o companheiro, com quem convive há 16 anos, e havia sido impedida pelo erro no documento. Ela tem cinco filhos com o homem e mais um, de outro relacionamento.

Segundo ela, a explicação para a confusão é o nome – Regimar -, entendido pelo escrivão como sendo de homem. E o nome se deve ao fato de a mãe ter tentado alinhar o seu nome com os dos irmãos já existentes: Reginaldo, Regina e Regiane.

“Na época, a advogada que arrumei para tentar mudar o documento colocou para mim muitos empecilhos. Aí, eu acabei desistindo. Também não levei a coisa adiante porque fiquei com vergonha de expor a situação”, disse ao UOL Notícias.

A mulher diz ter procurado a Justiça para tentar resolver a situação, porque quer novamente oficializar a união com o companheiro e ainda livrar a família de ser alvo de “piadas”.

“Os meus filhos são muito gozados na escola. Eles vivem reclamando para mim que colegas dizem a eles que são filhos de dois pais. As brincadeiras não param e vão constrangendo os meus filhos, que estão crescendo”, afirmou a dona de casa.

Ela também revelou que o marido passa por constrangimento. “Ele é pedreiro, e os peões ficam tirando sarro dele, falando que ele se casou com outro homem.”

A mulher disse que juntou fotos e comprovantes de exames feitos durante as gestações dos filhos, além de um exame ginecológico, para que o advogado entrasse com o pedido de correção. “Eu também tenho medo de que, caso o meu marido morra, eu fique sem ter direito a nada.”

Regimar também afirmou ter se frustrado em uma oportunidade de emprego. “Eles ligaram aqui para casa dizendo que a vaga era minha. Quando descobriram que eu era mulher, disseram que a vaga era para um homem.”

Ela revelou que, caso obtenha êxito no processo judicial, pretende apenas acrescer a letra a no primeiro nome, que passaria a ser grafado como “Regimara”.