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Considerado maior do mundo, cajueiro invade área urbana e gera problemas em Parnamirim (RN)

O maior cajueiro do mundo, segundo o Guiness Book, está invadindo ruas e ameaçando casas na cidade - Divulgação/Prefeitura de Parnamirim (RN)
O maior cajueiro do mundo, segundo o Guiness Book, está invadindo ruas e ameaçando casas na cidade Imagem: Divulgação/Prefeitura de Parnamirim (RN)

Aliny Gama

Do UOL Notícias, em Recife

30/11/2011 06h02

O maior cajueiro do mundo, localizado no município de Parnamirim (RN), a 28 quilômetros de Natal, está causando sérios problemas de mobilidade no trânsito nas ruas da praia de Pirangi do Norte. A árvore, que é uma das atrações turísticas do Estado, está crescendo desordenadamente e já ocupa uma área de cerca de 8.500 m², segundo dados da prefeitura. Moradores reclamam que o cajueiro já invadiu três vias e obrigou a prefeitura a mudar o trânsito local.

Esta semana, o Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte) prometeu finalizar um projeto com as medidas que devem ser tomadas sobre o crescimento da árvore. O texto será entregue ao Ministério Público Estadual para ser avaliado e discutido com a população.

O cajueiro está localizado entre as avenidas São Sebastião e Deputado Márcio Marinho (RN-063), além da rua Doutor Carlos Varela Barca, que contam com apenas uma faixa para receber um grande fluxo de veículos. Engarrafamentos são constantes.

“O trânsito está insuportável. Não é só deixar crescer, crescer, tem de ter limites”, diz o comerciante aposentado Mário Holanda, 69. Ele relata que durante a alta temporada, a circulação de veículos aumenta. “O ano todo sofremos com esse problema, que fica mais complicado agora.”

Além de invadir as ruas, o cajueiro também está “empurrando” casas que foram construídas há mais de dez anos na mesma quadra da árvore gigante. O espaço tem cerca de 15 imóveis, que correm o risco de serem desapropriados para dar mais espaço para o cajueiro crescer.

Josilene Xavier, 66, diz que escolheu Parnamirim para fugir dos transtornos da capital, mas agora a família está preocupada com a proximidade do cajueiro. “As autoridades esperaram demais para começar a fazer um estudo do cajueiro. Apesar dele ser uma das atrações turísticas daqui, ele não é bem tratado. A prova disso é que ninguém toma providências e deixa-o crescer desordenadamente invadindo as ruas. Se algum carro estacionar na rua não passa mais nenhum veículo.”

Para ela, o poder público não preparou a área para o crescimento da árvore e autorizou a construção de várias casas no entorno. “São três grandes vias que podem desaparecer e acabar com as residências. Se é para dar espaço porque não se pensou antes?”, questiona.

Plano de manejo

O Idema está elaborando o plano de manejo do cajueiro gigante em conjunto com a Emater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural), Setur (Secretaria Estadual de Turismo) e Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária).

O órgão ambiental destacou que as alternativas estudadas “vão desde a desapropriação de imóveis no entorno do cajueiro até a construção de um túnel para a passagem dos veículos”. “O Idema propõe a instalação de escoras para levantar os galhos que estão ocupando a estrada e fazer um suporte, chamado de caramanchão, para que o cajueiro continue crescendo acima dos veículos, em uma espécie de túnel”, explica o diretor técnico Jamir Fernandes.

A poda de galhos condutores também seria outra solução, mas “não é simplesmente aparar uma parte do cajueiro, mas, sim ‘reeducar’ a árvore para um crescimento direcionado. Caso isso seja posto em prática, o cajueiro daria espaço maior para passagem de carros nas avenidas”, afirma o Idema por meio de nota.

Segundo Fernandes, consta ainda no plano a sugestão para a retirada de outras duas árvores que estão dentro da área do cajueiro, para que ele tenha mais espaço para crescer. “Essas duas árvores ocupam juntas um espaço de aproximadamente 250 m²”, disse Fernandes.

O estudo será entregue ao MP e, caso seja aprovado, será apresentado à população em audiência pública. A discussão ainda não tem data definida.

O órgão estadual informou ainda que iniciou estudos sobre o local somente há cinco meses, quando a Câmara de Vereadores de Parnamirim passou a responsabilidade para o Estado. “Em junho, a Câmara de Vereadores aprovou uma lei tornando sem efeito a função de área de preservação e passando a competência sobre as decisões envolvendo o cajueiro para o governo do Estado.”

Um grupo de moradores ingressou na Justiça com uma ação solicitando o corte de parte dos galhos "alimentadores" que estão invadindo as ruas, mas a Amopin (Associação dos Moradores de Pirangi do Norte) já sinalizou que também procurará meios judiciais de impedir a poda. A associação diz que a árvore está em período de floração e defende a tese de que a poda nesta época poderá afetar a saúde e sobrevivência da planta.

História

O Cajueiro de Pirangi, como é conhecido o maior pé de caju do mundo registrado no Guiness Book, é uma das atrações de quem visita o Rio Grande do Norte no período de alta temporada. É nesta época que a árvore gigante começa a florescer e, em janeiro, aparecem os primeiros frutos.

Segundo a Prefeitura de Parnamirim, a árvore tem 121 anos e foi plantada por um índio. Estudos apontaram que o cajueiro tem uma planta central e que seus galhos cresceram lateralmente, gerando outras ramificações com raízes de até 10 metros de profundidade.

Segundo dados municipais, o cajueiro já se espalhou por uma área de 8.500 metros quadrados e seu crescimento é explicado pela conjunção de anomalias genéticas. Os galhos crescem esparramados para os lados, se curvam devido ao peso, chegam ao solo e criam raízes. Depois, crescem para cima como se fossem troncos de um novo cajueiro –estudos genéticos realizados em galhos e troncos que saem da planta central, porém, apontaram que eles são geneticamente iguais.