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Em Goiás, médico suspeito de omissão de socorro admite que dormiu no plantão, mas nega ameaça a bombeiro

Lourdes Souza

Especial para o UOL Notícias, em Goiânia

04/01/2012 17h30

Suspeito de omissão de socorro, o clínico geral Elisandro da Cunha Sousa assumiu que dormia durante o plantão no Hospital de Urgência de Aparecida de Goiânia (Huapa), na região metropolitana de Goiânia, na madrugada do último domingo, após o Réveillon.

Em depoimento prestado ao delegado Divino Batista dos Santos, no 3º Distrito Policial do município, o médico disse que o horário de trabalho, de 12 horas, previa atendimentos durante toda a madrugada. Mas das 4h às 5h30, quando o paciente chegou à unidade, ele confirmou que resolveu dormir.

Segundo o delegado, o médico disse que não se levantou porque o caso do acidentado, que estava com ferimentos na mão, deveria ser encaminhado a um ortopedista ou cirurgião. Mas não conseguiu explicar, no depoimento prestado nesta terça-feira (3), o motivo de não ter prestado o atendimento inicial. Em entrevista ao UOL Notícias, Santos informou que o clínico geral alegou ter ficado com medo do sargento do Corpo de Bombeiros, que teria entrado de forma muito abrupta no alojamento.

O médico negou ainda ter pedido ao sargento que desligasse a luz para que continuasse a dormir. Responsável pelo inquérito, o delegado enviou hoje (4) ofícios para o Huapa solicitando a lista dos nomes dos profissionais que estavam de plantão no último domingo para realizar a convocação para os próximos depoimentos.

O sargento dos Bombeiros Clavio Pereira Falcão, que fez a denúncia, também já prestou depoimento e afirmou que foi ameaçado pelo médico quando seguiam para a delegacia. De acordo com ele, o médico teria dito, na presença dos dois policiais militares, que o bombeiro iria se arrepender do que estava fazendo na segunda-feira. O clínico geral negou ter ameaçado o bombeiro. A polícia agora vai ouvir os dois policiais que fizeram a escolta de Sousa até o 4º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia.

Segundo o delegado, o médico pode responder por omissão de socorro, cuja pena varia de seis meses a um ano de detenção. O diretor-técnico do Huapa, Marco Aurélio Oereura, disse que procedimentos internos estão sendo realizados para avaliar o caso, mas que o profissional estava na unidade à disposição para atendimentos e resolveu encaminhar o caso para a avaliação de um cirurgião.

Entenda o caso

No último domingo, após atender a um acidente de trânsito no Jardim Cristalino, os oficiais do Corpo de Bombeiros encaminharam um motociclista ferido para o Huapa, onde o único médico de plantão estaria dormindo. O sargento relata na denúncia que, ao perceber que o médico não apareceria, resolveu ir até o alojamento solicitar que um primeiro atendimento fosse realizado.