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Após três dias isolada, cidade da Grande BH tenta retomar normalidade

Rayder Bragon

Do UOL, em Brumadinho (MG)

05/01/2012 15h54

Moradores da cidade de Brumadinho tentam retomar a rotina após a cidade, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, ter ficado isolada desde a última segunda-feira (2), por conta do transbordamento do rio Paraopeba.

O acesso da capital mineira ao município ainda é precário e feito por estrada de terra, passando por uma região explorada por uma mineradora, em local conhecido por Tejuco.

O dia foi de limpeza em estabelecimentos comerciais e casa na área central da cidade. Tratores ainda limpavam grande quantidade de lama acumulada nas ruas.

O comerciante Bráulio Neto Braga, 37, afirmou ter conseguido abrir o restaurante somente na manhã desta quinta-feira (5), mas apenas para limpeza.

Ele afirmou que é a 6ª vez que tem prejuízos causados pela cheia do rio. “Eu calculo em R$ 10 mil o prejuízo desta enchente. Mas já estamos acostumados. Ao menos de três em três anos temos uma grande inundação na cidade”, afirmou.

Como em situações anteriores, Braga afirmou que pretende obter uma linha de crédito para reerguer o seu negócio.

“Não tenho como arcar com um prejuízo desses. Vou aguardar e verificar se o governo vai liberar algum crédito para as cidades atingidas pelas chuvas”, disse.

Já José Vasconcelos de Paiva, 52, dono de uma sorveteria, disse temer a volta da cheia do rio.

“Graças a Deus consegui salvar o maquinário. Mas a cada dia que fico fechado, deixo de faturar ao menos uns R$ 500. Espero abrir o mais rápido possível, mas tive notícia de que a chuva volta com força neste fim de semana”, declarou. Ele e funcionários limpavam o local.

A defesa civil municipal informou que dez famílias estão desabrigadas na cidade e foram encaminhadas em casas alugadas pela prefeitura local. Ao todo, 2.000 pessoas estão desalojadas no município, ou seja, foram levados para casa de vizinhos, parentes ou amigos.

Comunidade rural isolada

A coordenadora da defesa civil da cidade, Ilma Cândido Sobrinho, disse que a comunidade rural denominada Maçangano está completamente isolada, sem previsão de ser acessada por terra. Na localidade vivem 49 famílias, e a situação é preocupante.

“Só estamos conseguindo chegando lá com a ajuda do helicóptero dos bombeiros”, disse.

Segundo ela, há pessoas doentes por conta de terem ingerido água contaminada.

“Levamos água potável, cestas básicas e cobertores. Uma equipe médica foi levada pelo helicóptero para avaliar a situação dos doentes”, declarou.

A coordenadora lembrou que, em 2008, a cidade também foi atingida por enchente. Os prejuízos calculados pela defesa civil municipal foram orçados em R$ 50 milhões.