Protesto em frente à Prefeitura de Belo Horizonte pede que prefeito vete aumento de 61,8% aos vereadores

Um grupo de manifestantes ocupou a avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte (MG), na tarde desta quinta-feira (5) para pedir ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) veto ao projeto de lei 2.045/2011 que propõe reajuste de 61,8% no salário dos vereadores a partir de janeiro de 2013. Caso seja sancionado, o salário dos parlamentares passaria de R$ 9.288,05 para R$ 15.031,76.

Segundo a BHTrans, empresa de trânsito da capital, cerca de 100  pessoas tomaram duas faixas da avenida em frente à prefeitura. Munidos de apitos e faixas, os manifestantes chamaram atenção de quem passava pelo centro da capital mineira. De acordo o presidente em exercício da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Alexandre Gomes (PSB), o texto final do projeto foi entregue ao Executivo nesta quinta-feira (5). Ele conversou com os vereadores e decidiu andar com o projeto. “Escutei a maioria que achou prudente encaminhar. Não tomei atitude solitária, mas sim solidária”, afirmou Gomes.

A partir de hoje, o prefeito tem 15 dias úteis para veto ou sanção. Porém, Marcio Lacerda (PSB) pode deixar passar esse prazo e não se posicionar sobre o reajuste. Dessa forma, o poder de promulgação da lei será da Câmara Municipal, ficando a cargo do presidente da Casa, Léo Burguês (PSDB) --um dos autores do projeto--, validar a norma no Diário Oficial do Município.

"Veta Lacerda"

Desde a votação do projeto, em 16 de dezembro do ano passado, o movimento “Veta Lacerda” se espalhou nas redes socais. As pessoas compartilham páginas com recados contra o aumento dos vereadores e marcam, pela internet, os protestos na rua. Na corrente pela rede, circulam fotos dos 22 vereadores que votaram a favor do aumento, com um pedido para a população dar o “troco nas urnas” neste ano de eleições. Na votação do projeto, apenas três parlamentares se manifestaram contrários ao reajuste.

Do mundo virtual para o mundo real, duas manifestações já causaram problemas ao trânsito de Belo Horizonte no fim do ano passado. Uma delas em 21 de dezembro reuniu cerca de 200 insatisfeitos e o outro movimento juntou 100 manifestantes dois dias depois. Não bastasse os apelos na porta da prefeitura, a mobilização invadiu o gabinete do prefeito por meio de um “telefonaço” no último dia 3 de janeiro.

Foi divulgado o telefone do gabinete em redes socais com o objetivo de incentivar as pessoas a congestionarem as linhas. O tema do protesto era “não diga alô, diga veta Lacerda”. A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a prefeitura, que preferiu não comentar o “telefonaço”.

Campinas

No dia 12 de dezembro do ano passado, em uma sessão tumultuada, a Câmara Municipal de Campinas, cidade no interior de São Paulo, aprovou, por 28 votos a 2, um projeto de lei que aumenta o salário dos 33 vereadores em 126% na próxima legislatura, a partir de 2013.

Com isso, o salário de cada vereador saltará de R$ 6.600 para R$ 15 mil. Dois vereadores estavam ausentes na votação.

Após o projeto ser aprovado em menos de um minuto, manifestantes protestaram com gritos de “vergonha”. Houve confusão no plenário e guardas municipais foram chamados para conter os manifestantes. A sessão precisou ser suspensa porque algumas pessoas jogaram ovos nos vereadores. A Guarda Municipal reagiu e usou pistola de choque e gás de pimenta para conter o protesto.

O projeto foi proposto pela Mesa Diretora da Câmara e o autor do projeto foi o presidente da Câmara, vereador Pedro Serafim (PDT).

*Com reportagem de Maurício Simionato, em Campinas