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Nível da água em Três Vendas, bairro alagado do Rio, começa a baixar

Rodrigo Teixeira*

Do UOL, em Campos (RJ)

07/01/2012 11h14

O nível da água da região de Três Vendas, em Campos de Goytacazes, no norte fluminense, baixou 20 centímetros de ontem para hoje. A informação foi dada neste sábado pelo subsecretário de Defesa Civil do município, major Edson Pessanha, que está no local.

"Torcemos para que não chova nas cabeceiras. De ontem para hoje o nível da água em Três Vendas baixou 20 cm. A nossa previsão é de que até amanhã baixe cerca de 1 metro, se não chover e a vazão continuar a mesma", disse.

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De acordo com Pessanha, em Cardoso Moreira, município próximo a Três Vendas, o rio Muriaé já está em sua caixa normal. "O que facilitou [a baixa da águ] foi a maré baixa e o vento nordeste à favor no encontro desse volume de água com o mar", explicou.

A área foi completamente alagada depois que um trecho da rodovia BR-356, que serve como barragem para conter as águas do rio Muriaé, se rompeu, criando uma cratera de aproximadamente 20 metros. Cerca de 1.000 famílias moram na região.

De acordo com o último boletim divulgado pelo governo do Rio, são quase 10 mil pessoas desalojadas (na casa de parentes ou amigos) e desabrigadas (em abrigos públicos) na região norte do Estado. Estão em situação de emergência sete municípios: Aperibé, Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira e Miracema. Campos de Goytacazes ainda não decretou o estado de emergência.

Ainda não há estatísticas finais sobre os estragos causados, mas a enchente de 2012 é possivelmente a pior das últimas três. Em todo o Estado, são mais de 20 mil desabrigados desde o fim de dezembro. E o caos anunciado com o rompimento da rodovia resultou no terceiro alagamento da região de Três Vendas desde 2007.

Histórico de alagamentos

Há quatro anos, uma cratera também se formou na rodovia BR-356 em função das enchentes do rio Muriaé, e a localidade ficou totalmente alagada por quatro meses. Na época, uma pessoa morreu no local onde o buraco foi aberto –na altura do km 120.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) fez obras emergenciais em 2008, mas o mesmo trecho da rodovia que faz a conexão entre os municípios de Itaperuna e Campos dos Goytacazes apresentou problemas durante o período de chuvas daquele ano. Mais uma vez, a região ficou completamente alagada –várias casas foram saqueadas assim que a água baixou.

Em tese, a rodovia deveria funcionar como uma barreira a fim de conter a passagem da água, já que Três Vendas está situada abaixo do nível do rio. No entanto, o supervisor do Dnit em Campos, Guilherme Fraga, argumenta que o atual alagamento não tem relação com a infraestrutura da rodovia e as obras que foram feitas anteriormente.

"A estrada não é um dique, mas acaba fazendo esse papel. A força da água é desproporcional. O que ocorreu agora nada tem a ver com os episódios anteriores", disse. De acordo com o supervisor do Dnit, o rompimento da rodovia ocorreu em um trecho no qual há uma estrutura antiga, que foi montada em 1960, ano da construção da estrada.

O secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, entretanto, lembrou que a cratera está localizada no mesmo trecho reparado anteriormente pelo Dnit. Em entrevista à rádio BandNews, o secretário disse que o incidente "só pode ser explicado pelas obras mal feitas em 2008".

Saída forçada

A Defesa Civil de Campos encontra dificuldades para retirar as cerca de 500 famílias que permanecem em Três Vendas. Segundo Henrique Oliveira, a distribuição de energia elétrica na região foi interrompida a fim de forçar a saída das pessoas que se refugiaram nas lajes de suas residências.

"Há previsão de mais chuva durante todo o verão e as estruturas das casas podem não aguentar. Vamos de casa em casa de barco, com assistentes sociais, tentar convencer as pessoas sobre os perigos de doenças como a dengue, a leptospirose e explicar que essa situação deve se manter durante muitos dias ainda", afirmou.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de chuvas fortes no Estado do Rio, sobretudo nas regiões serranas, norte e noroeste.

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