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Morro desliza e mata quatro pessoas no interior do Rio de Janeiro

Rodrigo Teixeira

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/01/2012 12h56Atualizada em 09/01/2012 14h08

Um morro deslizou na madrugada desta segunda-feira (9) em Sapucaia, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, e deixou ao menos quatro mortos, segundo novo balanço divulgado pelo governo estadual. Os trabalhos de resgate continuam no local.

"Fomos abatidos por uma avalanche de lama que atingiu cerca de oito a dez casas em Jamapará, que fica no quarto distrito. O trabalho é dificultado pelas chuvas, que ainda são fortes, e a chegada até lá é difícil devido as interdições na rodovia”, disse o secretário municipal de comunicação de Sapucaia, Sérgio Murilo de Souza.


De acordo com o secretário cerca de 15 a 20 pessoas estão desaparecidas no local. Os moradores desabrigados da área devem procurar um abrigo montado em uma escola do mesmo bairro.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), determinou que os secretários de Defesa Civil, Sérgio Simões, e de Saúde, Sérgio Côrtes, desloquem-se com suas equipes para a cidade. Cães farejadores também foram enviados ao local para reforçar o trabalho de buscas.

No momento não há como chegar a Sapucaia nem a Jamapará porque a rodovia Lúcio Meira está fechada nos quilômetros 152, altura de Bemposta, e 122, em Sapucaia, devido à queda de barreira nos dois sentidos. A única alternativa para o motorista é passar por Teresópolis (RJ) e Além Paraíba (MG).

Em entrevista coletiva após a reunião de ministros com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, afirmou que a presidente lamentava o novo acidente. "Eu queria expressar o sentimento de pesar e solidariedade da presidenta Dilma em função das notícias que acabam de chegar sobre o deslizamento em áreas de Sapucaia, ao norte do Estado do Rio de Janeiro", afirmou.

De acordo com o último balanço, até a noite de ontem, 10.759 pessoas estavam desalojadas e 3.980 desabrigadas em todo o Estado do Rio de Janeiro por conta das chuvas. As regiões norte e nordeste são as mais castigadas. Itaperuna, Italva e Laje do Muriaé foram os municípios que apresentaram o maior índice de chuvas --um acumulado de 100mm em 24 horas.

Além das quatro mortes em Sapucaia, em todo o Estado foram registradas mais duas mortes, uma em Miguel Pereira e uma em Laje de Muriaé.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil no norte e noroeste do Rio, coronel Douglas Paulich, apesar do céu encoberto, não chove na região. Segundo ele, o município de Itaperuna é o que mais preocupa as autoridades neste momento devido às ocorrências de deslizamentos de terra. Nos últimos três dias foram registrados mais de 30. “Houve muitos escorregamentos, muitas enxurradas, o terreno está muito encharcado e a região, muito vulnerável”, afirmou.

O coronel Paulich acrescentou que, se não voltar a chover nos próximos dias e o nível dos rios baixar, voltando às calhas naturais, a Defesa Civil vai iniciar a fase de avaliação dos estragos. O levantamento deverá ser enviado ao governo federal para solicitar recursos para a reconstrução das cidades.

Mapa mostra as cidades afetadas pela chuva no norte do Rio de Janeiro

Situação se normaliza após dique rompido

A situação no distrito de Outeiro, na cidade de Cardoso Moreira, no norte fluminense, onde um dique se rompeu na noite de domingo (8) com a força do rio Muriaé, está normalizada nesta segunda-feira, informou a Defesa Civil de Campos, município vizinho, que prestou os primeiros socorros às mais de 40 famílias atingidas.

A forte chuva da madrugada de sábado (7) parou e as águas do Muriaé baixaram, mas a cidade continua em situação de emergência, além de mais seis municípios castigados no Estado desde o começo desse ano.

No momento do rompimento do dique, o subsecretário de Defesa Civil de Campos, major Edson Pessanha, estava na localidade de Três Vendas, em Campos, vizinha de Cardoso Moreira, que ficou completamente alagada após o rompimento de um trecho da BR-356 que servia de barreira para conter as águas do rio, na última quinta-feira.

“Estávamos com um caminhão de bombeiros a cerca de dois quilômetros do local onde o dique se rompeu e conseguimos realizar uma intervenção rápida e remover as famílias em situação de risco. Estamos com um abrigo de emergência 24 horas e controlando as águas do rio. Hoje, vamos continuar o trabalho de remoção das famílias que ainda estão lá."

De acordo com o subsecretário, em Três Vendas cerca de 30 pessoas ainda insistem em ficar no segundo andar ou na laje das casas. “Essas famílias foram as mesmas que se negaram a sair nas enchentes anteriores, por isso dificilmente devem sair dessa vez. Estamos levando comida e dando suporte com barcos”, explicou o major.

Cerca de 500 famílias foram removidas de Três Vendas, que ainda está tomada pelas águas do Muriaé.

Em 2007, o rio Muriaé já havia destruído parte da BR-356 e alagado Três Vendas. Os moradores ficaram quatro meses com suas casas sob as águas e perderam tudo.

Nesta manhã, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) realiza ação para desobstruir barreira que interdita uma das principais vias de acesso entre Cardoso Moreira e Campos.

(Com Agência Brasil e Agência Estado)