Segurança para audiência de 38 acusados de tráfico muda rotina de cidade no interior de SP
Uma cidade tranquila, com cerca de 50 mil habitantes, teve a rotina alterada nesta sexta-feira (10). Em Mairinque (71 km de São Paulo) foi realizada a audiência de 38 pessoas acusadas de fazerem parte de uma quadrilha que comandava o tráfico de entorpecentes em várias cidades do interior de São Paulo.
Os presos começaram a chegar ao fórum da cidade por volta de 9h30 da manhã. Um forte esquema de segurança foi montado para garantir a segurança de quem mora na região e evitar o resgate dos presos.
“Muitas dessas pessoas fazem parte de uma facção criminosa, por isso é importante reforçar o policiamento”, disse o delegado da cidade, Alexandre Cassola. As ruas em volta do fórum foram interditadas, e a entrada da cidade, vigiada por policiais militares. Ao todo serão colhidos 150 depoimentos de réus e testemunhas.
As investigações do caso começaram há quase um ano, quando a polícia civil de Mairinque queria descobrir quem eram os responsáveis pelo tráfico na cidade. “Aos poucos, descobrimos que havia muita gente envolvida, inclusive criminosos da capital”, informou Alexandre. Por isso, o serviço de inteligência da polícia foi acionado, e começaram as escutas telefônicas.
Ao todo, 14 linhas de telefone foram monitoradas, e toda a hierarquia do bando foi revelada. Dois homens são apontados como líderes: Cleber Roberto da Silva, conhecido como Pinga, e Moisés Moraes Júnior, o Dinho das Armas.
Pinga morava em Cotia e, de acordo com a polícia, era o responsável pelo abastecimento de drogas em Mairinque e São Roque. Ele já tinha sido preso em 2006 em Diadema com uma tonelada de entorpecentes e teria envolvimento em vários sequestros.
Dinho das Armas foi preso em São Paulo pelo Deic (Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado). Ele é apontado como um dos responsáveis por lavar cédulas manchadas de tinta de caixas eletrônicos. “Ele criou um sistema e um dispositivo químico para tirar as manchas das cédulas”, esclarece o delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Urban Filho.
Segundo Urban, todo o tráfico era financiado com o dinheiro das explosões de caixas eletrônicos e furtos de banco. “Ainda não podemos precisar valores, mas estamos falando em milhões de reais”, diz Urban. “Dinho estava abandonando esse tipo de crime para se dedicar apenas ao tráfico.”
A quadrilha, formada por 50 pessoas, vendia drogas não apenas em Mairinque e São Roque, mas também em Cotia, Vargem Grande Paulista, Alumínio, Capela do Alto e Araçoiaba da Serra. Nas escutas, os policiais observaram a organização do grupo e a ousadia. Em uma delas, os traficantes falam de um ponto de venda a 50 metros da delegacia. Em outra, conversam em código sobre o fornecimento de entorpecentes.
O inquérito Policial tem quatro volumes e cerca de mil páginas. “O conjunto probatório é consistente e não vejo possibilidade de algum desses acusados ficar em liberdade depois do julgamento”, analisa o delegado Alexandre Cassola.
Mais 12 réus serão ouvidos no dia 17, quando o Fórum será fechado mais uma vez para a audência em Mairinque.
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