Justiça do RS aceita denúncia contra bispo e padre acusados de desviarem R$ 400 mil de paróquia
A Justiça gaúcha aceitou denúncia feita pelo Ministério Público contra um bispo e um padre acusados, respectivamente, de falsidade ideológica e desvio de R$ 400 mil da paróquia Nossa Senhora do Monte Claro, na cidade de Áurea (385 km de Porto Alegre), norte do Rio Grande do Sul.
Segundo o promotor João Francisco Campello Dill, o dinheiro arrecadado em eventos, rifas e por doações serviria para a reforma da igreja. Entretanto, conforme o conselho econômico da paróquia, a quantia sumiu.
A época em que esteve à frente da comunidade religiosa (entre 2008 e 2010), o padre polonês Robert Jacenty Domina fez viagens à Europa, assistiu à Copa do Mundo da África do Sul e ao GP de Fórmula-1 em São Paulo, o que levantou suspeitas.
“O denunciado nunca prestou contas. Verificando a movimentação financeira da paróquia, o conselho constatou que o dinheiro arrecadado não ingressou na respectiva conta bancária”, descreve a denúncia do MP.
De origem humilde e descendência polonesa, a comunidade de Áurea, em quase sua totalidade católica, havia encontrado no padre Domina um exemplo de liderança religiosa.
Entretanto, quando deixou o Brasil, em dezembro de 2010, retornando à Polônia, Domina não prestou contas de sua administração e se negou a dar explicações, deixando a paróquia com o rombo em seus cofres.
De acordo com o promotor Dill, o padre ainda “destruiu, suprimiu e ocultou” o livro caixa da igreja, onde estava registrada toda a movimentação do dinheiro arrecado.
Até o bispo
Superior imediato de Domina, o bispo de Erechim, Girônimo Zanandréa, foi inquirido pela polícia a se manifestar sobre o ocorrido. Em nota, informou que desconhecia qualquer desvio, “seja de dinheiro e/ou bens daquela paróquia”.
“Muito pelo contrário, nossos registros contábeis apontam que todas as contas estão sendo devidamente prestadas e que a situação da paróquia e da comunidade é absolutamente tranquila”, afirmou o bispo.
Por conta desse manifesto de apoio ao padre polonês, Zanandréa virou alvo de uma denúncia de falsidade ideológica. Além disso, o MP pediu à Justiça a verificação dos seus antecedentes criminais.
Agora, o promotoria espera ouvir do padre Domina, que está na Europa, explicações sobre o ocorrido. O bispo Zanandréa foi procurado pela reportagem do UOL para comentar o assunto. Devido a compromissos, informou que retornaria o contato mais tarde.
“Esperamos que essas pessoas sejam responsabilizadas, porque não se pode mais esperar que autoridades de qualquer tipo se coloquem em uma posição acima do bem e do mal e se utilizem desse poder espiritual para constranger e pressionar pessoas humildes e simples”, afirmou o promotor Dill.
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