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Após um ano, irmã não consegue vender casa onde morou atirador de Realengo

Casa do atirador de Realengo está a venda há um ano sem receber propostas de compra - Hanrrikson de Andrade/UOL
Casa do atirador de Realengo está a venda há um ano sem receber propostas de compra Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

06/04/2012 06h00

A casa onde morou Wellington Menezes de Oliveira, 23, o ex-aluno que protagonizou o massacre do colégio Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, tornou-se um problema para Roselaine, 49, irmã do homem que assassinou 12 crianças, feriu outras 12 e se suicidou depois de ser baleado por um policial.

Desde o dia seguinte à chacina, que completa um ano neste sábado (7), ela tenta vender o imóvel situado perto da escola. Lá, Wellington cresceu e só se mudou para Sepetiba, também na zona oeste, após a morte da mãe adotiva.

"Não apareceu nenhum interessado. Desde o dia do ocorrido que não vejo nenhuma movimentação nessa casa. Mas sabemos que tinha um corretor tentando vendê-la", disse o vizinho Cléber Defante, que mora ao lado do imóvel.

Relembre em vídeo o caso do "massacre de Realengo"

A residência é pequena e possui uma infraestrutura modesta em comparação com os imóveis vizinhos --a garagem foi depredada e hoje o espaço é fechado por um bloco de cimento. Vizinhos comentam que os atos de vandalismo continuaram por pelo menos dois meses após o crime que chocou o país.

Mesmo com todas as circunstâncias negativas, Roselaine --que trabalhava em Realengo como vendedora de cosméticos-- estabeleceu preço de R$ 180 mil, segundo uma placa fixada na frente do imóvel. De acordo com informações de vizinhos, a irmã de Wellington atualmente mora em Brasília.

"Ninguém vai querer morar nesta casa. Ainda mais com este valor exorbitante que ela está pedindo. Se bobear, está até mal-assombrada", comenta Mauro Duarte, 62, que mora a duas quadras do local.

A proprietária retornou ao imóvel em algumas oportunidades, porém sempre durante a madrugada, já que ainda tem medo de possíveis tentativas de represálias em função ao ato criminoso cometido pelo ex-aluno do colégio Tasso da Silveira. A aposentada Maria Celina, 66, chegou a ver Roselaine em uma das visitas.

"Ela entrou, pegou algumas coisas e saiu rapidamente. Não demorou mais que 20 minutos, já estava quase amanhecendo. Não vejo motivo para esse sumiço, ela sempre foi uma pessoa tranquila e não tem nada a ver com as atitudes daquele monstro. Mas não posso julgá-la, seria difícil a convivência para ela", afirmou.

O morador Cléber Defante diz que a placa indicando que o imóvel estava à venda foi colocada assim que começaram a surgir boatos de que pessoas de uma favela próxima tentariam invadir a casa.

"Depois que o pessoal limpou as pichações e a garagem foi fechada com cimento, rolou uma conversa de que a casa seria invadida. Teve gente que chegou a pular o muro, quebraram tudo lá dentro. A Roselaine provavelmente soube disso e tratou de colocar à venda", explicou.

A tragédia

No dia sete de abril do ano passado, por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, da qual era ex-aluno, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já em uma sala de aula, o jovem de 23 anos sacou a arma e começou a atirar contra os estudantes. Segundo testemunhas, o criminoso queria matar apenas meninas.

Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orientava como queria ser enterrado, e deixou sua casa para uma associação de proteção de animais.

O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da Polícia Militar, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.

Doze estudantes morreram --dez meninas e dois meninos-- e outros 12 ficaram feridos no ataque.