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MST inicia série de protestos pelo país contra Dilma e o "pior ano" para assentamentos desde 1995

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

16/04/2012 11h37

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) começa a realizar uma série de ocupações e protestos pelo país nesta segunda-feira (16). A principal manifestação acontece em Brasília, onde cerca de 1.500 sem-terra ocuparam, nesta manhã, o prédio do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário). O alvo principal dos protestos é a presidente Dilma Rousseff, que teria reduzido o ritmo de criação de assentamentos e cortado crédito para a área. Vários outros protestos acontecem pelo país.

Segundo José Damasceno, da coordenação nacional do MST, a ocupação do ministério teve início às 5h40 e abriu a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, conhecida como “Abril Vermelho”, que todos os anos ocorre em lembrança ao massacre de Eldorado dos Carajás (PA) –que resultou na morte de 21 trabalhadores rurais e que completa 16 anos nesta terça (17).

A principal reivindicação do movimento é o pedido de uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para cobrar providências e mais recursos para a olitica fundiária. O movimento pede também a elaboração de um plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas e a criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos em habitação rural, educação, saúde e crédito agrícola.

Segundo números apresentados pelo MST nesta segunda-feira, o primeiro ano do governo Dilma (2011) foi marcado por ter o menor número de criação de assentamentos nos últimos 16 anos. “Agora em abril, o Ministério do Planejamento cortou mais de 60% do orçamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o que deve inviabilizar os programas de assistência técnica e educação. Não podemos admitir que a burocracia do governo corte as verbas relacionadas à melhoria da produtividade e à educação, compromissos sempre tão reforçados nos discursos da presidente Dilma”, disse, em nota, Alexandre Conceição, da Direção Nacional do MST.

Pelos Estados

Em Fortaleza, os integrantes do MST ocuparam o Palácio da Abolição, sede do governo cearense. Os agricultores pedem medidas das autoridades no combate aos efeitos da longa estiagem que atinge o Nordeste e que causou a perda da safra agrícola e morte de animais. Eles pedem também dos governos federal e estadual que sejam garantidos recursos para projetos de assistência técnica, educação e moradia.

Com barracas, os manifestantes acampam na frente do palácio e prometem permanecer até que providências sejam anunciadas. Além disso, o MST pede que o governador Cid Gomes (PSB) tente intermediar um encontro de líderes do movimento com Dilma. Na pauta estadual, cobram o assentamento imediato de 2.000 famílias que hoje ocupam áreas urbanas.

Em Pernambuco, o MST informou que cerca de 100 famílias ocuparam, na madrugada do sábado (14), as terras da fazenda Serra Grande, no município de Gravatá (a 92 km do Recife). A promessa do movimento é realizar outras 20 ocupações no Estado durante o mês de abril.

No Paraná, cerca de 2.000 trabalhadores chegaram hoje a Curitiba. Eles chegaram a Praça 29 de Março e iniciaram uma marcha até a Superintendência Regional do Incra para entregar a pauta de reivindicações. No Estado, os sem terra alertam que cerca de 6.000 famílias permanecem acampadas em situação precária, à beira de rodovias e em áreas ocupadas. Eles denunciam violência e pedem assistência técnica.

No Mato Grosso, cerca de 700 integrantes do MST bloquearam a BR-163, no município de Sorriso. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os manifestantes fecharam a rodovia no km 761 para reivindicar promessas não cumpridas pelo Incra. Apenas veículos de emergência estão sendo liberados e passando pelo bloqueio.

O massacre

O "Abril Vermelho" de 2012 também pede justiça contra os acusados de liderarem a ação da Polícia Militar do Pará, em 1996, na BR-155, em Eldorado dos Carajás, que terminou com 21 camponeses mortos. Segundo o MST, os dois comandantes da polícia militar condenados há 220 anos de prisão pelos crimes estão soltos.

No Pará, a ala Juventude do MST iniciou, no último dia 8, o 7º acampamento pedagógico “Oziel Alves”, em Eldorado dos Carajás. Todos os dias, às 17h, os jovens fecham a rodovia onde ocorreram as mortes por 21 minutos, em memória aos mortos no massacre. Para o último dia do acampamento, nesta terça-feira (17, Dia Internacional da Luta Camponesa), está marcado um ato político na cidade.

Para o Rio de Janeiro, o MST marcou um ato, nesta terça-feira, em frente à sede do poder Judiciário. Eles também vão protestar contra a impunidade do massacre. (Com agências Brasil e Estado)