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IBGE mostra que apenas 4,7% das ruas do país têm rampa para cadeirante; Porto Alegre é destaque entre grandes cidades

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

25/05/2012 10h01Atualizada em 25/05/2012 11h46

Há 12 anos, o governo federal aprovou uma lei que estabeleceu critérios para promoção de acessibilidade a portadores de deficiência nos espaços urbanos brasileiros. No entanto, dados inéditos do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o país está longe de cumprir a legislação. Os números apontam que apenas 4,7% das ruas do país têm rampa de acesso para cadeirantes. 

LONGE DO IDEAL

É claro que existe um avanço, mas não podemos classificar essas estatísticas como ideais. O ideal seria ter uma proporção de 100% dos domicílios com rampas para cadeirantes nas calçadas, até porque qualquer um está sujeito a se tornar um cadeirante

Daléa Antunes, técnica de geografia do IBGE e responsável pela análise dos dados sobre infraestrutura urbana no país

Das cidades brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes, Porto Alegre é a única que supera os 20% de residências que possuem rampas para cadeirantes em suas respectivas faces de quadra (um dos lados de um quarteirão): a capital gaúcha tem cerca de 23,3% de ruas com rampas de acesso. 

Brasília (que contabiliza também as cidades do entorno) aparece em segundo lugar, com 16,5%. São Paulo, por sua vez, surge apenas na 6ª colocação, com 9,2%. O município com a pior colocação nesse segmento é Fortaleza: 1,6%.

No ranking geral das cidades, independentemente do contingente populacional, Porto Alegre --onde foram pesquisados 491.220 domicílios-- está na 79ª colocação. A cidade com a maior incidência de rampas para cadeirantes no entorno dos domicílios consultados para o Censo Demográfico 2010 é Jaguaribara, no Ceará, com 75%.

Entre todas as capitais, Campo Grande (MS) --que tem menos de 1 milhão de habitantes-- se destaca: 24,84%. De acordo com a técnica de geografia do IBGE Daléa Antunes, que participou da análise dos dados coletados, esse percentual ainda é considerado baixo.

"É claro que existe um avanço, mas não podemos classificar essas estatísticas como ideais. O ideal seria ter uma proporção de 100% dos domicílios com rampas para cadeirantes nas calçadas, até porque qualquer um está sujeito a se tornar um cadeirante", disse.

A técnica do IBGE explicou que apenas as rampas construídas especificamente para a locomoção de portadores de deficiência locomotora foram contabilizadas pelos pesquisadores do órgão.

"Trabalhamos com uma limitação metodológica para universalizar a pesquisa. Rampa, calçada e meio-fio devem estar no mesmo quarteirão. Além disso, não trabalhamos com rampas para automóveis, por exemplo, que eventualmente poderiam facilitar a locomoção de cadeirantes. Apenas estruturas construídas especificamente para esse fim", afirmou.

  • Arte UOL

O estudo

DOMICÍLIOS PESQUISADOS

  • 3.365.859

    SÃO PAULO

     

  • 1.883.636

    RIO DE JANEIRO

     

  • 732.868

    BELO HORIZONTE

     

  • 491.220

    PORTO ALEGRE

     

  • 244.997

    CAMPO GRANDE

     

Fonte: IBGE

    De acordo com o IBGE, o volume "Características urbanísticas do entorno dos domicílios", um dos segmentos do Censo Demográfico 2010, tem o objetivo de quantificar e especificar a infraestrutura urbana no país, com destaque para aspectos como circulação e meio ambiente.

    As informações foram levantadas em praticamente todas as áreas urbanas brasileiras.

    "Os dados apresentados são estratégicos para a elaboração de políticas públicas, principalmente no nível municipal, servindo de referência para a introdução de novos modelos de gestão do território", avalia a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

    Em 2010, 84,4% da população brasileira --que foi estimada em 190.732.694 pessoas, segundo dados do Censo 2010-- ocupavam as áreas urbanas. Os pesquisadores utilizaram como recorte espacial os quarteirões no entorno de 96,9% dos domicílios brasileiros.

    A meta seria refletir "as condições de circulação nas vias públicas, a infraestrutura urbana disponível e o ambiente onde vivia esta população", de acordo com o instituto.