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Advogados do goleiro Bruno vão pedir desmembramento no processo sobre Eliza Samudio

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

28/05/2012 11h04

Os advogados do goleiro Bruno Souza, acusado de ser o mentor do sumiço da ex-amante Eliza Samudio, vão pedir à Justiça o desmembramento do processo para que o cliente seja julgado em separado dos demais réus diante do júri popular, ainda sem data marcada. De acordo com o advogado Francisco Simim, que atua ao lado de Rui Caldas Pimenta, a intenção é que eles tenham mais tempo para se dedicar à defesa do goleiro perante os jurados.

O advogado de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, já havia entrado com pedido semelhante no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em abril deste ano. Segundo a assessoria do órgão, o desembargador responsável pela análise do pedido ainda não se pronunciou.

“Nós estamos só esperando a definição sobre o julgamento de um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para entrarmos com esse pedido do desmembramento”, disse Francisco Simim.

Conforme havia dito o defensor de Macarrão, o Código de Processo Penal, em julgamento com mais de dois réus, manda acrescer uma hora ao tempo da defesa, que normalmente é de uma hora e meia, e dividi-lo em partes iguais para todos os réus. No processo sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, são 8 réus, o que daria menos de 20 minutos para cada advogado fazer sua explanação.

De acordo com Francisco Simim, na semana passada o colega Rui Pimenta esteve em Brasília-DF, onde entregou um documento chamado de “memorial” ao STF. “Isso foi feito para tentar agilizar o julgamento do mérito do habeas corpus. Esse memorial sublinha também os tópicos principais do pedido do habeas corpus”, revelou.

Reconhecimento de paternidade

Simim revelou que o goleiro ainda não assinou documento no qual assume a paternidade do filho que teria tido com Eliza Samudio. A criança, hoje com dois anos, mora com a avó materna no Estado do Mato Grosso do Sul. O advogado Rui Pimenta havia dito que o goleiro iria assinar a documentação até a última sexta-feira (25).

“O documento ainda não ficou pronto no cartório (de Belo Horizonte). Assim que isso ficar pronto, levamos à penitenciária e o Bruno vai assinar”, explicou Simim, referindo-se à penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), onde o jogador está preso.

Rui Pimenta havia explicado que Bruno iria destinar 10% dos seus rendimentos às duas filhas que tem com a ex-mulher Dayanne de Souza, ao menino que reconhecerá como sendo seu filho. O dinheiro será depositado em uma conta bancária a ser aberta em nome de Dayanne e de Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio.

Atualmente, o goleiro recebe R$ 466 como pagamento a trabalhos de faxina que faz no presídio. No entanto, os advogados dizem acreditar na retomada da carreira do goleiro, o que lhe permitiria ganhos maiores.

O caso

O goleiro Bruno Souza e sete pessoas vão a júri popular, ainda sem data definida pela suposta morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta e que teria tido um filho com ele. Para a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais, a modelo foi morta em junho de 2010, na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com as investigações, o goleiro seria o mandante do crime, que ainda contou com a participação de mais sete pessoas. As razões para o crime seriam a negativa do goleiro em assumir o filho que supostamente teria tido com Eliza Samudio. O atleta, segundo o Ministério Público, tentou fazer com que a moça abortasse e, diante de uma suposta negativa dela, passou a ameaçá-la de morte.

Ainda conforme o MP, após o nascimento da criança, no início de 2010, o goleiro teria arquitetado plano para matar Eliza Samudio. Bruno vai a júri popular pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ex-secretário de Bruno, vai a júri popular pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, vai a júri popular pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. Atualmente está confinado em ala destinada a ex-policiais no presídio Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, vai a júri popular pelos crimes de sequestro de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Atualmente responde ao processo em liberdade.

Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro Bruno, vai a júri popular pelos crimes de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio. Já Fernanda Castro, ex-amante do goleiro Bruno, vai a júri popular pelo sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do filho dela. as duas responde em liberdade so processo.

Outro que está em liberdade é Elenílson Vítor da Silva, ex-caseiro do sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas (MG), apontado pela polícia como local de cativeiro de Eliza antes de ela ser morta. Vai a júri popular pelo crime de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza.

Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro Bruno, vai enrentar o júri pelos crimes de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio. Atualmente responde em liberdade ao processo. Um primo adolescente do goleiro Bruno cumpre medida socioeducativa em Minas Gerais, determinada por juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem (MG), por conta do sumiço de Eliza.