Com greve de ônibus, mototáxis de Ribeirão Preto (SP) sobem até 400% valor da corrida
A greve dos motoristas de ônibus em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), que entrou no segundo dia nesta terça-feira (29), provocou uma alta de até 400% nos serviços de mototáxi. Corridas que custam normalmente R$ 5 estão sendo feitas por R$ 25.
A empregada doméstica Juliana de Souza Pereira, 29, afirma que gastou R$ 25 para ir do bairro onde mora, a Vila Abranches, na zona leste da cidade, à região central, onde costuma pagar contas. “Normalmente eu pago R$ 6 por uma corrida dessas. Eu aceitei porque se eu não pagar as contas que vencem hoje vou ter de arcar com os juros.”
Para voltar do centro ao bairro, Juliana aguardava um ônibus na frente da rodoviária nesta terça-feira. “Já estou aqui há uma hora, e nada de ônibus. Acho a greve justa, mas a população não pode pagar o pato”, declarou.
O industriário Rogério Cecato, 33, teve mais sorte do que a empregada. Ele pagou apenas R$ 2 a mais para o mototáxi o levar até a rodoviária. Em vez dos costumeiros R$ 6, pagou R$ 8.
O mototaxista Marcelo Silva, 30, que prestou o serviço, afirmou que “reajustou” o preço das corridas em R$ 2 desde segunda-feira (28), quando eclodiu a greve do transporte coletivo. “Eu tenho clientes fixos, então eu subi um pouco. Mas tem colegas que estão cobrando R$ 25 ou até mesmo R$ 30”, disse o mototaxista.
Serviço sem regulamentação
Não há em Ribeirão Preto fiscalização sobre o transporte de mototáxi porque o serviço não é regulamentado. A Transerp, empresa municipal responsável pela gestão do trânsito, está cadastrando mototaxistas para regulamentar a atividade. Mas enfrenta a resistência da categoria.
“A maioria dos mototaxistas quer que as coisas continuem assim. A regulamentação representa despesas, obrigações, e ninguém quer saber disso”, disse um mototaxista que está há 14 anos no ramo e prefere não ser identificado. O número de mototaxistas em Ribeirão é oscilante. Uns dizem que são 2.500, outros, 5.000.
Pelo menos 40% da frota de 340 ônibus da cidade estava em circulação nesta terça-feira (29), segundo o Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Ribeirão Preto, filiado à Nova Central.
A quantidade é menor do que a estabelecida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que determinou que, nos horários de pico, 70% dos ônibus estejam nas ruas. Em outros horários, a ordem do TRT é que metade da frota esteja em circulação.
“Nós pedimos para as empresas e a Transerp informar qual a quantidade de veículos por linha. Vamos colocar 70% dos carros por linha. Enquanto não informarem essa quantidade, não temos como atender o TRT”, afirma o presidente do sindicato, João Henrique Bueno, 53.
Na Justiça
As três empresas permissionárias do transporte coletivo afirmam que agora vão negociar com os motoristas de Ribeirão somente na Justiça porque o dissídio coletivo já foi instaurado. Elas oferecem 6,3% de aumento. O sindicato dos motoristas pede reajuste de 15% nos salários, vale-alimentação de R$ 500 e prêmio de R$ 350 para a categoria.
“Vamos continuar em greve enquanto os patrões não nos chamarem para a negociação. A prefeitura deveria forçar as empresas a procurar o sindicato. É ela quem tem de garantir o direito de ir e vir da população”, fala Bueno.
A reportagem do UOL procurou a assessoria de imprensa da prefeitura para se manifestar sobre a crítica do sindicato. E-mail enviado à Secretaria de Comunicação não foi respondido.
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