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Advogado de Bruno diz que trâmite para julgar mensalão no STF pode prejudicar liberdade ao goleiro

Em foto de dezembro de 2011, Bruno chega no Departamento Estadual de Operações Especiais, na Gameleira, em Belo Horizonte, para prestar depoimento - Cristiano Trad/O Tempo/Agência Estado
Em foto de dezembro de 2011, Bruno chega no Departamento Estadual de Operações Especiais, na Gameleira, em Belo Horizonte, para prestar depoimento Imagem: Cristiano Trad/O Tempo/Agência Estado

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

30/05/2012 12h30

O advogado Rui Pimenta, que defende o goleiro Bruno Souza, disse nesta quarta-feira (30) que os preparativos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo julgamento do mensalão podem prejudicar a apreciação de habeas corpus impetrado por ele visando à soltura do jogador. 

Ao classificar o julgamento do mensalão como o “mais importante da história do Supremo”, Pimenta diz temer que o mérito do habeas corpus demore a ser julgado.

“Agora, eles (ministros) estão preocupados com o mensalão. Todo mundo está envolvido com isso. E a cada dia surgem, pela imprensa, problemas relacionados ao caso. Isso tudo atrapalha”, disse, para complementar: “Esse julgamento do mensalão preocupa, mas, por outro lado, os ministros não estão lá somente para isso”, defendeu.

O advogado afirmou que foi a Brasília, na semana passada, e deixou no gabinete de cinco ministros documento intitulado “memorial”, que, segundo ele, conteria o resumo habeas corpus com as argumentações entendidas para lastrear a soltura do goleiro. Conforme Pimenta, a medida funcionaria como um “lembrete” aos ministros.

“Os ministros são os da 2ª Turma, que são os que vão julgar o caso. Essa visita minha, com a entrega do documento, é uma forma de tentar lembrá-los do caso e da urgência em apreciá-lo”, resumiu o advogado.

Na avaliação de Pimenta, o goleiro excedeu o tempo da prisão preventiva e estaria de maneira irregular na prisão. “Ele (Bruno) não está preso por efeito de uma sentença. Ele está preso preventivamente. O entendimento é que, nestes casos, a pessoa fique no máximo 180 dias presa. Ele já estourou o prazo porque está preso há quase dois anos”, disse.

Em dezembro, o ministro Ayres Brito havia negado a liminar desse habeas corpus que pedia a soltura de Bruno. O advogado declarou ainda que deverá voltar na próxima sexta-feira a Brasília para verificar o andamento do caso.

Bruno quer defender pênalti cobrado por Messi

O advogado disse ainda que a soltura do goleiro permitirá que ele retome a carreira. Pimenta disse que o jogador, caso seja solto, vai se apresentar ao Flamengo, clube que mantém vínculo empregatício com o arqueiro.

“Nós temos uma Copa do Mundo se avizinhando e ele precisa voltar para fazer o que saber de melhor”, afirmou. Conforme Pimenta, o goleiro teria confidenciado a ele o desejo de voltar a jogar e se tornar o titular da camisa número um da seleção brasileira de futebol.

“Ele está doido para começar a trabalhar. Ele tem um sonho de um dia deixar a cadeia e voltar ao Flamengo. Depois, vai para a seleção brasileira e, como titular na última partida da Copa do Mundo, entre Brasil e (a seleção de futebol da) Argentina, o jogo vai para a cobrança de penalidades máximas. Nesse momento, o maior jogador do mundo, o (Lionel) Messi, bate o pênalti e o Bruno defende. Ele vai dar o título ao Brasil”, discursou.

Liberdade condicional

Nesta terça-feira (29), o juiz Wagner Cavalieri, da Vara de Execuções Penais de Contagem (MG), deferiu a progressão de pena para o regime semiaberto e concedeu liberdade condicional a Bruno pela condenação relativa a lesão corporal, cárcere privado e constrangimento ilegal de Eliza Samudio, sua ex-amante. O goleiro havia sido condenado pela Justiça do Rio de Janeiro em 2010 a quatro anos e seis meses de prisão pelos crimes que teriam ocorrido em 2009.

No entanto, o goleiro permanecerá preso na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Pesa contra ele mandado de prisão preventiva, expedido pelo Tribunal do Júri de Contagem, referente ao processo no qual Bruno é acusado de ter sido o mandante do homicídio de Eliza Samudio, que teria ocorrido em Minas Gerais, em 2010.

Como Bruno está preso desde julho de 2010 por força desse mandado de prisão preventiva, ele já cumpriu mais de um sexto da pena imposta no Rio de Janeiro. Isso somado a um bom comportamento apresentando na prisão e por ser réu primário à época da condenação, o jogador obteve o direito de pleitear a progressão da pena, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Segundo o setor, o processo foi transferido do Rio de Janeiro para Contagem (MG) pelo fato de o réu estar preso no Estado acusado de um crime de homicídio.

Reconhecimento de paternidade

O reconhecimento da paternidade do filho de Eliza Samudio, que segundo Pimenta seria feito pelo goleiro até a sexta-feira da semana passada, não se concretizou. O novo prazo dado pelo advogado para que Bruno assine o documento se estendeu até a próxima semana.