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Macarrão não assumirá autoria de crime, diz advogado; Bruno nega relação homossexual

A carta não foi entregue a Macarrão (de vermelho) porque foi interceptada por um agente penitenciário - Domingos Peixoto/Agência o Globo
A carta não foi entregue a Macarrão (de vermelho) porque foi interceptada por um agente penitenciário Imagem: Domingos Peixoto/Agência o Globo

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

10/07/2012 11h31

O advogado Leonardo Diniz, defensor de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, disse nesta terça-feira (10) que o cliente não vai assumir a autoria do suposto assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza.

O advogado se referiu a uma carta escrita pelo jogador e destinada ao seu cliente, na qual, segundo reportagem da revista "Veja" do último fim de semana, Bruno pede a Macarrão para assumir a culpa pela morte da moça.

Os dois vão a júri popular, ainda sem data definida, juntamente com mais seis réus acusados pelo sumiço de Eliza.

Conforme a revista, o conteúdo da correspondência sugere que o goleiro, com o envio da carta, coloca em prática uma estratégia intitulada de “plano B” –que Macarrão assumisse o crime sozinho–, sendo que o “plano A” seria negar a autoria da morte da jovem, o que os réus sempre afirmaram até o momento.

“Não há essa possibilidade. Primeiro, porque na linha defensiva (utilizada pelo advogado) do Luiz Henrique não há prova da existência do crime. Não há a possibilidade de ele assumir algo que não ocorreu”, afirmou Diniz.

A carta não foi entregue a Macarrão porque foi interceptada por um agente penitenciário, de acordo com a reportagem. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), responsável pela unidade prisional, investiga agora como a carta saiu da penitenciária. Segundo o órgão, Bruno teria pedido a um outro detento para entregar a correspondência ao amigo.

Segundo ele, não há a materialidade comprovada da morte de Eliza, mesmo o inquérito da Polícia Civil mineira apontando que a moça foi assassinada na cidade de Vespasiano (MG) pelo ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos, o Bola, em junho de 2010.

“Nós temos nos autos do processo a notícia do desaparecimento da vítima. Não há a materialidade comprovada, nem indiretamente, como foi ventilado”, explicou.

Ainda conforme Diniz, há outros réus no processo, e a acusação feita por um deles a outro réu não muda a linha de defesa de Macarrão.

“A denúncia do Ministério Público foi feita contra todos os acusados. Não foi feita apenas a um ou outro. O fato de um réu dizer que a responsabilidade é do outro não muda em nada a linha de defesa”, afirmou.


Relação homossexual

O advogado Francisco Simim, que integra a defesa do goleiro Bruno ao lado de Rui Pimenta, disse que a carta escrita pelo goleiro não continha o término de uma relação homossexual entre Bruno e Macarrão.

Ele esteve nesta segunda-feira (9) na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), juntamente com Pimenta, quando foi apresentado ao goleiro um exemplar da revista contendo a matéria sobre a carta.

Apesar de o fato ter sido alardeado à exaustão por Pimenta, que chegou a dizer que a dupla mantinha a relação gay desde criança, a defesa afirmou agora que o goleiro negou que mantivesse um caso de amor com o amigo.

“Não tem nada disso. A carta contém a intenção do meu cliente em terminar a amizade que mantinha com o Macarrão por ele ter traído a confiança do Bruno”, disse Simim referindo-se ao fato de, segundo a defesa do jogador, o ex-braço direito dele ter assassinado Eliza sem o conhecimento de Bruno.

“Ele traiu a confiança do Bruno. Não tem essa história de homossexualidade. Esse fato pode ter sido aventado por conta da tatuagem que o Macarrão tem nas costas”, disse.

A tatuagem em questão feita por Macarrão está grafada da seguinte forma: “Bruno e Maka, a amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir. Amor verdadeiro”.

O episódio envolvendo a suposta homossexualidade de Bruno e Macarrão parece ter gerado atrito entre os dois advogados, apesar de Simim ter desconversado.

“Para mim, não tem nada disso (homossexualidade). Mas eu sou mais reservado, mais criterioso e mais cauteloso”, afirmou Simim, aludindo a entrevistas que dá para a imprensa.

O UOL tentou contato com Rui Pimenta, mas o celular dele estava desligado.