Ex-advogado de Bruno sugere que carta com pedido para Macarrão assumir morte de Eliza foi "ditada"
O advogado Ércio Quaresma, ex-defensor do goleiro Bruno Souza, disse que a carta na qual Bruno pede a Luiz Henrique Romão, o Macarrão, par assumir a morte de Eliza Samudio teria sido elaborada por outra pessoa e que o atleta apenas a escreveu.
O goleiro assumiu a autoria da correspondência ao amigo, divulgada na última edição da revista Veja, mas negou que tenha tido conhecimento prévio do crime, segundo seus advogados. Bruno e mais sete réus vão a júri popular, ainda sem data marcada, pelo sumiço da jovem, que era ex-amante do goleiro.
Quaresma faz parte atualmente da equipe de defesa do ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos, o Bola, acusado pela Polícia Civil mineira de ter sido o executor de Eliza. Segundo o advogado, Bruno já prestou vários depoimentos e, em nenhum deles, acusou Macarrão.
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“Se não foi ditada palavra por palavra, a ideia foi incutida na cabeça dele [Bruno]. (...) Aquilo não é a expressão da vontade dele, tenho certeza disso. Ele teve a oportunidade de falar sobre isso na Assembleia [Legislativa de Minas Gerais], ele esteve depois prestando depoimento no Deoesp [Departamento de Operações Especiais de Minas Gerais]. Ele nunca disse que Eliza foi morta, ou esteve em cárcere privado, ou acusou o Macarrão”, disse Quaresma.
O advogado também questiona um suposto trecho que teria sido suprimido da reportagem da revista. “Eu pergunto o que estaria escrito naquele trecho, por que ele foi suprimido e quem o suprimiu.”
Conforme Rui Pimenta, atual advogado do goleiro, um trecho da carta foi suprimido da reportagem e nele estaria a confirmação de que Bruno não sabia do crime –ao contrário do que diz Veja. Ainda segundo Pimenta, a correspondência teria sido escrita em novembro do ano passado, quando Bruno tinha como seu defensor o advogado Cláudio Dalledone.
O teor da carta revelado por Veja sugere que o goleiro sabia da morte e, com o envio da mesma, colocaria em prática uma estratégia intitulada de “plano B” --Macarrão assumir a culpa pelo crime--, sendo que o “plano A” era negar a autoria do assassinato de Eliza, o que os réus sempre afirmaram até o momento.
“Eu sinceramente nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente. Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças”, reproduziu a revista, atribuindo a frase ao goleiro, que teria complementado: “você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora”. Ainda conforme a revista, Bruno teria pedido, por três vezes, perdão a Macarrão.
O amigo não chegou a receber o documento porque um agente penitenciário a interceptou. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) apura agora como ela saiu do presídio.
Cláudio Dalledone afirmou ao UOL ter se surpreendido com a veiculação da existência da carta e nega que tenha sido o mentor dela. Ele ainda disse não ter tido contato com o goleiro em novembro do ano passado.
“Eu jamais ditei carta alguma. Em primeiro lugar, eu não vi data na carta. Em segundo lugar, causa-me surpresa essa carta. A minha tese de defesa diverge da que a defesa atual do goleiro sustenta nesse momento”, afirmou.
Dalledone ainda questiona o tempo entre a carta ter sido escrita e a divulgação dela feita pela revista. “Como é que uma carta fica oito meses perambulando pela penitenciária de Contagem, sendo que a severidade visa coibir celulares, drogas, armas e qualquer meio de comunicação com o meio externo”, disse.
O advogado ainda aludiu ao fato de que ela poderia ter sido feita em data diferente da informada por Pimenta. “É ilógico imaginar que essa carta estivesse desde novembro até agora perambulando para lá e para cá. As celas são revistadas. Por que [ela não poderia ter sido escrita] em dezembro, por que não em outubro, ou outra data qualquer? Em novembro não há nenhum registro da minha presença no presídio porque eu já havia avisado ao Bruno, em outubro, que iria deixar a sua defesa”, finalizou.
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