Auto-escolas em Uberlândia (MG) são suspeitas de vender CNHs por até R$ 1,5 mil, diz Detran
A Polícia Civil de Uberlândia (537 km de Belo Horizonte) suspendeu as atividades de nove unidades de duas auto-escolas da cidade diante de denúncias de que elas participariam de um esquema de venda de carteiras de habilitação. A operação da polícia, "Mão Única", foi realizada nesta terça-feira (14) e teve início ontem (13).
Uma equipe do Detram-MG (Departamento de Trânsito de Minas Gerais) também participou da operação e informou que as nove unidades foram suspensas, por motivos administrativos. Em julho deste ano, o Ministério Público Estadual pediu o descredenciamento das duas auto-escolas, por serem apontadas como suspeitas de cobrarem entre R$ 1,2 mil e R$ 1,5 mil para facilitar a liberação de habilitações.
De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, a ação cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária. Nas auto-escolas foram recolhidos documentos e computadores.
Um dos mandados de prisão foi cumprido na manhã dessa segunda. A instrutora de uma das auto-escolas, Maísa Souza Ribeiro, foi presa em casa. Conforme a assessoria, ela é investigada por formação de quadrilha e extorsão. A suspeita é que a instrutora informava os alunos sobre o valor e também sobre como adquirir a carteira de habilitação.
A assessoria da Polícia Civil informou que a prisão da instrutora é temporária. Os outros dois mandados de prisão não foram cumpridos, uma vez que os investigados não foram localizados. A ação foi feita em conjunto com o Ministério Público Estadual e a Corregedoria-Geral de Polícia Civil tem o apoio de 17 investigadores e dois escrivães, além de policiais civis do Departamento de Polícia Civil de Uberaba --32 investigadores, dois peritos criminais e um delegado.
As investigações, conforme o promotor público estadual Adriano Bozzola, começaram em setembro do ano passado, quando receberam dez denúncias anônimas sobre a prática do crime na cidade. Porém, conforme o promotor, as investigações foram suspensas porque os investigados tomaram conhecimento do trabalho da promotoria.
O trabalho foi retomado em julho deste ano, quando uma reportagem da "TV Record, exibiu um instrutor cobrando pela carteira de habilitação. Na reportagem, a delegada-chefe da Comissão Examinadora Permanente do Departamento de Trânsito (Detran) de Uberlândia, Ravênia Márcia de Oliveira Leite, foi apontada como chefe do esquema. A delegada está afastada por problemas de saúde.
De acordo com o promotor, o caso e a participação da delegada estão em processo de investigação. A assessoria de Polícia Civil informou que nenhum delegado irá se pronunciar sobre o caso, por enquanto.
Outro lado
A reportagem do UOL fez contato com representantes das auto-escolas investigadas; em uma delas, a funcionária que atendeu não quis se manifestar, já em outra ninguém foi localizado.
O advogado da delegada, Neto Caixeta, afirmou que tem acompanhado as investigações e que, até o momento, "não há indícios de que a Ravênia faça parte do esquema."
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