Polícia mineira descarta morte de primo do goleiro Bruno por briga em jogo de futebol
A Polícia Civil de Minas Gerais descartou nesta sexta-feira (24) que Sérgio Rosa Salles, primo do goleiro Bruno Souza morto na última quarta-feira (22), tenha sido assassinado por uma suposta briga durante uma partida de futebol realizada dias antes do crime, cometido em Belo Horizonte.
Salles teria dado um tapa em outro jogador após uma discussão na partida, e o agredido o teria jurado de morte. A informação foi repassada por um familiar de Salles.
De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, porém, o delegado Frederico Abelha, responsável pelo caso, disse que as investigações realizadas até o momento “em campo” derrubaram essa tese.
Salles foi morto com seis tiros disparados pelo ocupante de uma moto, que o perseguiu até matá-lo em uma rua do bairro Minaslândia, região norte da capital mineira, quando a vítima saía para o trabalho, por volta das 7h.
Salles, juntamente com o jogador Bruno e mais seis réus, iria a júri popular, ainda sem data definida, pelo desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. Ele respondia pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
“Arquivo vivo”
Uma pessoa ligada ao caso disse, sob condição de anonimato, que a morte de Salles tem conexão com o processo que investiga a morte de Eliza.
Segundo essa fonte, Salles era um “arquivo vivo” do caso já que conhecia os detalhes do cativeiro onde Eliza teria sido mantida antes de morrer e do dia em que ela supostamente foi assassinada, em junho de 2010, pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola – também réu no processo.
A soltura de Sérgio Salles, que desde agosto do ano passado respondia ao processo em liberdade, poderia ter sido um motivo de preocupação a quem supostamente desejava vê-lo silenciado.
Outra possibilidade, ainda segundo a fonte ligada ao processo, dá conta de que o primo de Bruno poderia ainda revelar algo inesperado durante o júri popular, prejudicando os demais réus no processo.
Reconstituição
Salles havia colaborado com a Polícia Civil de Minas Gerais durante as investigações sobre Eliza, tendo participado de uma reconstituição no sítio do goleiro, na cidade de Esmeraldas (MG).
Salles chegou a colocar Bruno na cena do suposto crime, mas retirou o depoimento ao falar à polícia e à Justiça. Os testemunhos contra o goleiro, segundo algumas pessoas ligadas ao caso, foram frutos de suposta desavença com o réu Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo de Bruno.
Salles havia confirmado quase integralmente a versão dada por outro primo do goleiro, um menor que também responde por envolvimento no caso. As informações do jovem, que cumpre medida socioeducativa em Minas Gerais e já atingiu a maioridade, foram o estopim para a prisão de Bruno.
A defesa do goleiro alega que o depoimento de Salles seria uma forma de retaliação a Macarrão, que paulatinamente vinha assumindo o lugar que fora de Salles no convívio com o goleiro.
Sinais de execução
No dia da morte de Salles, o sargento Célio José de Oliveira, do 13º Batalhão da Policia Militar, informou que a vítima havia levado seis tiros –um no rosto e os demais pelo corpo. "Pela quantidade de tiros, a hipótese mais provável é mesmo de execução", disse o sargento. "Testemunhas disseram que o Sérgio correu e pediu por socorro antes de ser baleado."
O delegado Breno Pardini, da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte, disse também acreditar em execução.
Durante o enterro da vítima na manhã de quinta-feira (23), alguns parentes pediram, em voz alta, por justiça. O primo do goleiro foi sepultado às 11h no cemitério da Saudade, na capital mineira. Três policiais civis e quatro guardas municipais acompanharam o enterro.
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