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MP quer que carta original revelada por revista seja anexada ao processo de Eliza Samudio

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

21/09/2012 14h04

O Ministério Público (MP) de Minas Gerais pediu a anexação ao processo sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, dos detalhes de carta original pela qual o jogador teria pedido a Luiz Henrique Romão que assumisse a autoria da morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. O objetivo é que a carta seja apresentada nos seus detalhes aos jurados que vão participar do júri popular.

A revelação da existência da carta foi feita em julho deste ano pela revista “Veja”, e, segundo o texto, havia sido interceptada por um agente da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte). A carta não teria chegado às mãos do ex-braço direito de Bruno. Os dois estão confinados na unidade prisional há mais de dois anos.

Segundo a revista, o conteúdo da correspondência sugere que o goleiro, com o envio da carta, coloca em prática uma estratégia intitulada de “plano B”, sendo que o “plano A” era negar a autoria da morte da jovem, o que os réus sempre afirmaram até o momento. Bruno e mais seis pessoas vão a júri popular, ainda sem data definida, pelo sumiço de Eliza Samudio. O processo está na fase preparatória do julgamento.

“Pretendemos que a carta original seja entregue pela editora Abril (responsável pela revista Veja) ao juízo para a juntada ao processo, porque o que nós conhecemos da carta são trechos veiculados na revista e nada mais”, disse o promotor.

No texto da revista, um trecho da carta atribuída a Bruno traz a seguinte mensagem:

“Eu sinceramente nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente. Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças”, reproduziu a revista, atribuindo a frase ao goleiro, que teria complementado: “Você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora”, teria escrito o jogador. Ainda conforme a revista, Bruno teria pedido, por três vezes, perdão a Macarrão. De acordo com a reportagem, a assinatura de Bruno na carta foi atestada por dois peritos.

Segundo o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, da comarca de Contagem, esse foi um dos pedidos feitos à juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, no prazo dado ao MP, que se encerrou na sexta-feira passada, para que o órgão também apresentasse o rol de testemunhas a serem ouvidas no júri popular e se manifestasse sobre novas diligências acerca do caso.

O órgão indiciou cinco testemunhas, sendo que duas delas não foram ouvidas pela polícia nem pela Justiça, mas não pediu novas investigações sobre o sumiço da moça. O mesmo procedimento foi permitido aos advogados de defesa dos réus, e o prazo se encerra nesta sexta-feira (21).

“Eu não acredito que haverá surpresas. São testemunhos que, eu entendo, não trarão novas informações, mas, sim, serão bastante úteis para revigorar e reforçar dados que nós já temos no processo. Vão robustecer e fortalecer provas que já existem nos autos, com o auxílio do testemunho das pessoas que ainda não foram inquiridas, tanto na fase policial quanto na instrução (do processo)”, disse.

Álbum, sandálias e óculos

O promotor Castro quer também a apresentação aos jurados, em plenário, de um par de sandálias que, segundo a polícia, pertenciam a Eliza e foram apreendidos em um veículo Land Rover que era do goleiro e apontado como o veículo que transportou Eliza do Rio de Janeiro a Minas Gerais, na ocasião de seu sumiço, em junho de 2010. As sandálias teriam sido reconhecidas por uma das amigas de Eliza.

O órgão ainda requereu a apresentação de um par de óculos pertencentes a Eliza e que, segundo o MP, estavam na casa de uma das testemunhas do caso. O objeto está em poder da Justiça e foi reconhecido pela amiga da ex-modelo.

O Ministério Público pede a exibição aos jurados de álbum com fotos que supostamente seriam do filho da ex-amante do goleiro e localizado próximo ao sítio que pertenceu ao goleiro Bruno, situado em Esmeraldas (região metropolitana de Belo Horizonte).

O álbum foi encontrado, parcialmente queimado, por repórteres do jornal “Folha de S.Paulo” e entregue à Polícia Civil mineira à época das investigações. A magistrada é quem definirá sobre os pedidos do Ministério Público.