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Morte, tentativas de homicídio e lista de marcados para morrer 'apimentaram' caso Eliza

Sérgio Rosa Salles é recebido por irmã ao deixar a prisão, um ano antes de ser morto em Belo Horizonte - Rodrigo Clemente/O Tempo/Futura Press
Sérgio Rosa Salles é recebido por irmã ao deixar a prisão, um ano antes de ser morto em Belo Horizonte Imagem: Rodrigo Clemente/O Tempo/Futura Press

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

18/11/2012 06h00

A morte de Sérgio Rosa Salles, um dos réus do processo do caso Eliza Samudio, deu contorno ainda mais misterioso ao caso sobre o sumiço da ex-amante do goleiro Bruno. Salles foi assassinado a tiros no dia 22 de agosto deste ano, no bairro Minaslândia, região norte de Belo Horizonte.

Nos dias posteriores à morte dele, surgiu a hipótese de uma “queima de arquivo”, já que Camelo, como era conhecido Salles, colaborou com as investigações da polícia sobre a morte de Eliza. Ainda houve alusão a uma suposta “lista de marcados para morrer” e a hipótese de ter havido a participação de policiais civis no assassinato de Camelo.    

A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais, que assumiu a investigação do caso, concluiu, porém, que o assassinato teve motivação passional. Um casal foi preso acusado da morte de Salles. Segundo o órgão, ele teria “cantado” a mulher que, por sua vez, contou ao amante. O homem teria planejado a morte de Camelo e armou uma tocaia.

Ainda em agosto, outro personagem ligado ao caso Eliza Samudio, o ex-motorista do goleiro Cleiton da Silva Gonçalves sofreu duas tentativas de homicídio. A primeira ocorreu no dia 27, quando Gonçalves estava em um bar situado no bairro Liberdade, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte). Um homem atirou contra a vítima, atingido de raspão um dos ombros do ex-motorista.

No dia seguinte (28), ele foi novamente alvo de tiros no mesmo bairro. A Polícia Civil concluiu que não havia nenhuma relação entre as duas tentativas de assassinato sofridas pelo ex-motorista e as investigações do desaparecimento de Eliza Samudio.

Segundo a investigação, as tentativas estariam relacionadas a desavenças com dois ex-comparsas de Gonçalves que estavam presos em Belo Horizonte e teriam contratado o responsável pelos tiros que quase o mataram duas vezes.

O ex-motorista havia sido preso em março deste ano acusado de ter sido o mandante da morte de um homem, em um restaurante localizado às margens da BR-040, em Contagem. Após conseguir um alvará de soltura, ele responde ao processo em liberdade.

“Marcada para morrer”

Além da morte de Camelo e das tentativas de homicídio contra o ex-motorista, o caso contou com uma suposta “lista de marcados para morrer”, mas, desta vez, a pessoas ligadas à investigação do caso.

As vítimas seriam a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, que pronunciou o goleiro e mais sete réus a júri popular pelo sumiço de Eliza; o ex-delegado Edson Moreira, responsável pela investigação do caso; o deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais; além dos advogados José Arteiro Cavalcante, assistente de acusação, e Ércio Quaresma, que atualmente faz parte da defesa de Bola.

O detento Jaílson Alves de Oliveira, autor da denúncia da existência da lista, afirmou ter ouvido o plano do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado pela polícia de ser o executor de Eliza Samudio, no período em que os dois ocuparam o mesmo pavilhão na Nelson Hungria.

Os mentores seriam Marcos Aparecido dos Santos e o goleiro Bruno, que teriam tentado contratar o traficante Nem da Rocinha, do Rio de Janeiro, preso atualmente em presídio de segurança máxima federal. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso, mas concluiu, em abril deste ano, que a denúncia havia “caído no vazio” por falta de provas.