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Policial reage a falso assalto e mata com tiro no peito colega que lhe aplicou trote em Mato Grosso

Jorge Estevão

Do UOL, em Cuiabá

18/01/2013 13h35

Um trote terminou em tragédia em Rondonópolis (220 km ao Sul de Cuiabá). O soldado Young Cairo Rodrigues, 35 anos, foi atingido com tiros no peito e virilha depois de “anunciar” um assalto ao colega de farda Elizeu Teixeira Cintra, também de 35 anos. O caso aconteceu às 18h30 dessa quinta-feira (17). Rodrigues morreu na manhã desta sexta (18).

Segundo informações do comando do 5º Batalhão de Rondonópolis, Cintra, em depoimento, disse que saía de casa em seu carro quando um homem com capacete e pilotando uma moto chegou, fez menção de retirar uma arma da cintura e gritou: “Perdeu, perdeu!”.

Cintra reagiu com um tiro no peito do suposto assaltante. Na sequência, o soldado saiu do carro e iniciou o “fatiamento”, que é um procedimento militar de procurar melhor ângulo para visualização. Outro tiro foi disparado, acertando a virilha de Rodrigues.

Mesmo ferido, Rodrigues retirou o capacete e se identificou. Ao reconhecer o colega, Cintra pediu socorro no comando, e o atingido pelos tiros foi levado ao Hospital Regional de Rondonópolis. A vítima não resistiu aos ferimentos e faleceu às 5h desta sexta-feira.

Rodrigues era lotado no mesmo batalhão de Cintra, ambos com oito anos de serviços à PM. Depois de socorrer o colega, Cintra entregou a arma no comando e foi detido até que a situação seja esclarecida.

Alerta

O comandante do 5º BPM, major Sandro Barbosa, trata o caso como um “grande equívoco”. Segundo ele, alguns dias antes Cintra atendeu a uma ocorrência de roubo e acabou matando um suspeito de envolvimento no crime.

Na quinta-feira, explica o major, o soldado havia participado de uma audiência no Fórum de Rondonópolis, onde foi interrogado a respeito da morte do suspeito de roubo.

“Ele (Cintra) teria ouvido comentários de que familiares haviam identificado o autor dos tiros que mataram o suposto assaltante”, disse o major, para quem o policial poderia estar “alerta” a possíveis represálias de parentes do assaltante morto.