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Advogado tenta sensibilizar jurados entregando mensagem à filha de juíza assassinada no Rio

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

30/01/2013 16h25

O assistente de acusação Técio Lins e Silva, que representa a família de Patrícia Acioli no segundo julgamento do processo sobre o assassinato da juíza, nesta quarta-feira (30), na 3ª Câmara Criminal de Niterói, abriu a fase de debates com um emocionado discurso sobre a memória da vítima.

Ao fim da explanação, o advogado chamou ao tribunal a filha de Acioli, Ana Clara Acioli, para entregar uma mensagem que havia sido dada a ele por uma das testemunhas arroladas pela acusação. Trata-se de uma frase do filósofo irlandês Edmund Burke: "Para o triunfo do mal basta que os bons não façam nada".

"O pai da Ana Clara [Wilson Chagas, ex-marido da juíza] não conseguiu impedir que ela viesse. Ela está aqui para assistir a justiça sendo feita", disse.

A expressão, segundo Lins e Silva, é a mesma que estava fixada em uma das paredes do gabinete da ex-titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, que foi morta com 21 tiros, em agosto de 2011, em função de sua atuação combativa em relação à corrupção policial. O MP denunciou 11 PMs pelo crime, dos quais três estão sendo julgados nesta semana: Jefferson de Araújo Miranda, Jovanis Falcão Júnior e Junior Cezar de Medeiros.

A frase foi copiada e entregue ao assistente de acusação pelo inspetor da Polícia Civil Ricardo Henrique Moreira, ex-chefe do núcleo de homicídios do distrito policial de São Gonçalo (72ª DP), e que "vive de colete balístico até dentro de casa", segundo palavras do próprio, em função de ameaças de morte.

Segundo a investigação para elucidar as circunstâncias da morte de Acioli, Moreira era o primeiro alvo dos PMs lotados no GAT (Grupamento de Ações Táticas) do 7º BPM (São Gonçalo). Na terça-feira (29), em depoimento à Justiça, o policial civil afirmou que os policiais acusados pelo homicídio contra a magistrada fariam parte de um grupo de extermínio chamado "Bonde dos Neuróticos".

CASO PATRÍCIA ACIOLI EM NÚMEROS

  • 11

    PMs

    Foram denunciados pelo crime, dos quais dez por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha.

  • 1

    PM

    Foi denunciado apenas por homicídio, já que, segundo o MP, ele atuou como informante do grupo, o que não configuraria formação de quadrilha.

  • 3

    PMs

    Serão julgados no dia 29 de janeiro de 2013. São eles: Junior Cezar de Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis Falcão Junior.

  • 7

    PMs

    Ainda esperam resultados de recursos.

  • 21

    tiros

    Foram disparados contra a juíza Patrícia Acioli na noite do dia 11 de agosto de 2011.

    Entenda o caso

    De acordo com a investigação da Divisão de Homicídios, dois PMs foram responsáveis pelos 21 disparos que mataram Patrícia Acioli: o cabo Sérgio Costa Júnior e o tenente Daniel Santos Benitez Lopez, que seria o mentor intelectual do crime, a mando do tenente-coronel Cláudio Oliveira.

    Outros oito policiais militares teriam realizado funções operacionais no planejamento do assassinato e responderão por formação de quadrilha e homicídio. Apenas Handerson Lents Henriques da Silva, que seria o suposto informante do grupo, não foi denunciado por formação de quadrilha.

    O assassinato de Patrícia Acioli se deu por volta de 23h55 do dia 11 de agosto de 2011, quando ela se preparava para estacionar o carro na garagem de casa, situada na rua dos Corais, em Piratininga, na região oceânica de Niterói. Benitez e Costa Júnior utilizaram uma motocicleta para seguir o veículo da vítima.

    Algumas horas antes de morrer, a magistrada havia expedido três mandados de prisão contra os dois PMs, réus em um processo sobre a morte de um morador do Morro do Salgueiro, em São Gonçalo.

    A juíza era conhecida no município por adotar uma postura combativa contra maus policiais. Segundo a denúncia do MP, o grupo seria responsável por um esquema de corrupção no qual ele e os agentes do GAT recebiam dinheiro de traficantes de drogas das favelas de São Gonçalo.