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Aluno mais velho da turma, "tio" Álvaro conhecia os 64 estudantes de Ciências Rurais que morreram em boate

Thiago Varella

Do UOL, em Santa Maria (RS)

01/02/2013 13h00

Em uma sala de aula repleta de jovens na faixa dos 20 anos, Álvaro Pouey é a exceção. Aos 45 anos, o "tio" Álvaro, como é conhecido, é como se fosse um conselheiro da turma de zootecnia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Por também trabalhar na biblioteca da universidade, ele afirma conhecer todos os 64 alunos do Centro de Ciências Rurais.

"Conheço 100% deles. Sempre estavam lá pegando livros, pagando multas", contou. Apesar disso, Pouey só conseguiu ir a um enterro. Ficou a maior parte do tempo em casa, conversando com os colegas. Na verdade, aconselhando os amigos.

"Eles são crianças. A maioria em idade para ser meu filho", falou. "Disse a eles que vamos seguir devagarinho. De maneira suave."

De sua experiência de vida, Pouey tira a força para ser o "conselheiro dos guris". Apesar de ser um universitário, o estudante trabalhou como músico durante toda a vida e morou por muito tempo na Europa. Ele tem uma filha adolescente que vive em Berlim, na Alemanha.

Para aliviar a dor, a rede de amigos não para de se falar. Todos estão em contato constante. Pouey afirma que, neste momento, a conversa gira em torno da tragédia. Fica muito difícil manter o alto astral.

"Lá na biblioteca sou conhecido por ser um velho brincalhão. Mas está bem difícil."

Como consequência da tragédia, Pouey espera que todos se mobilizem para evitar que o incêndio da boate Kiss se repita. 

"Temos de exigir que o que aconteceu em Santa Maria nunca mais ocorra. Os poderes municipal e estadual são culpados por deixarem o estabelecimento funcionar", apontou.