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"Eu o perdoo por tudo", diz Bruno sobre Macarrão

Carlos Eduardo Cherem, Guilherme Balza e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

06/03/2013 20h13

Em resposta a um dos jurados do Tribunal de Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), o goleiro Bruno Fernandes afirmou que perdoa Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pela morte de Eliza Samudio --Bruno o responsabiliza pelo crime-- e por ter apontado-o como autor do crime em novembro passado.

“Nossa relação hoje... Independente de qualquer coisa, eu o perdoo por tudo. Mas ele vai cuidar da família dele e eu da minha. É difícil ter uma relação de amizade [depois do que aconteceu]”, disse o goleiro, em resposta a uma pergunta de um jurado que o indagou sobre sua relação hoje com Macarrão. "Ao longo do tempo, na prisão, aquele vinculo da amizade deu uma diminuída."

Antes, também em resposta a um jurado, Bruno disse não ter denunciado os responsáveis pela morte de Eliza Samudio quando tomou conhecimento do crime por temer represálias dos envolvidos.

Segundo Bruno, a morte de Eliza foi planejada por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e executada por Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Ela soube do crime pelo primo, o então menor Jorge Luiz Rosa, horas depois, no sítio dele em Esmeraldas (MG).

“Não fiz essa denúncia por medo, por ter medo de acontecer alguma coisa com minhas filhas, comigo”, respondeu o goleiro. Outro motivo apresentado por Bruno é a relação de amizade dele com Macarrão. “Pelo fato de convivermos muito tempo e termos um vínculo muito grande de amizade.”

“Medo de quem?”, interrompeu a juíza. “Dessas pessoas que estavam envolvidas”, disse o goleiro. “Incluindo Luiz Henrique?”, questionou Marixa Fabiane Lopes. “Sim senhora”, respondeu Bruno.

O goleiro se atrapalhou ao responder outra pergunta de um jurado, que questionou o fato de Bruno admitir que tem culpa na morte de Eliza --sob argumento de que a poderia ter evitado--, mas não indica em qual momento poderia ter impedido o crime .

“Já que o senhor assume que não participou da morte de Eliza, em que momento acha que tem culpa?”, perguntou um jurado. “Eu poderia ter denunciado quando fiquei sabendo [da morte]”, respondeu Bruno. “Denunciado a morte?”, acrescentou a juíza. “Sim, senhora”, disse o goleiro.

A juíza, então, voltou a interrogar Bruno, dizendo que a pergunta do jurado referia-se ao momento anterior à morte de Eliza. “A pergunta é antes: no que o senhor foi omisso ou permissivo antes dela morrer?”, questionou a juíza.

“Na minha presença no sítio, ela sempre foi muito bem tratada. Jamais passava pela minha cabeça o que poderia acontecer. Depois, eu parei para pensar um pouco...”, disse o goleiro, sendo interrompido pela juíza. “Então o senhor não se sente omisso, nem permissivo?”, perguntou a juíza.

“Eu acho que fui omisso”, respondeu Bruno. “Em que consistiu a sua omissão?”, perguntou a magistrada. “Não posso explicar a senhora. Por exemplo, o Luiz Henrique discutia com Eliza. Eu podia evitar essas discussões. Quando fiquei sabendo disso, poderia ter impedido.”

Quando perguntado sobre os motivos que o levaram a afirmar, em uma entrevista que deu após um treino do Flamengo, na época em que o caso se tornou público, que “esperava que Eliza aparecesse logo”, apesar de saber que ela estava morta, o goleiro disse que estava “acuado.”

“Ali eu me sentia acuado, perseguido. Já tinha começado as investigações. Meu advogado disse para eu não falar com a imprensa. Se olhar bem meu semblante [na entrevista], eu estava abatido, chateado. Falei mais pelo fato de querer desabafar, dizer alguma coisa”, afirmou Bruno.