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Advogado pede pena por "menor participação" de Bruno na morte de Eliza

Carlos Eduardo Cherem, Guilherme Balza e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

07/03/2013 17h10Atualizada em 07/03/2013 18h53

Defensor do goleiro Bruno Fernandes, o advogado Lúcio Adolfo da Silva pediu aos jurados que, se não quiserem absolver o réu, que o condenem por uma "menor participação" no sequestro e morte de Eliza Samudio. A intenção de Adolfo, com esta argumentação, é que Bruno não seja condenado com as três qualificadoras de homicídio as quais ele é acusado --motivo torpe, meio cruel e emprego de recurso que impossibilita a defesa da vítima-- reduzindo o tempo de condenação.

“Se vocês acharem que sim [que ele tem culpa], não absolvam, mas autorizem a juíza a conceder uma reprimenda de um sexto a um terço da pena", apelou Adolfo, que citou as qualificadoras aos jurados. “Se os senhores reconhecem as qualificadoras, o crime fica ruim, e a pena fica maior.”

A afirmação foi feita durante a sustentação oral na fase de debates entre defesa e acusação ao Tribunal do Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte). “Ele não queria que ela morresse, mas foi omisso”, disse o defensor do goleiro.

Acordo para Macarrão

Em sua explanação, Adolfo afirmou que o promotor Henry Wagner de Castro e os defensores de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, fizeram uma “negociata” para que o réu confessasse a participação na morte de Eliza Samudio, apontando o jogador como mandante, e assim pegasse uma pena mais branda.

No júri realizado em novembro de 2012, Macarrão foi condenado a 15 anos por participação na morte de Eliza, além do sequestro dela e do bebê Bruninho, filho de Bruno com Eliza.

“Ele foi condenado a uma pena mínima, e não houve recurso [da defesa]. Isso foi um acordo excuso, indecente e imoral”, disse Adolfo, durante sua sustentação oral nesta quinta-feira (7), recheada de críticas à Promotoria. “Procurem uma prova que não seja essa negociata com o Macarrão."

Adolfo disse que Macarrão ameaçou Bruno quando, antes de levar Eliza para a morte, ele teria dito que “depois dessa noite você não vai mais dizer que sou bundão”. Segundo a Promotoria, a declaração denota que Bruno mandou Macarrão matar Eliza mesmo a contragosto do amigo do goleiro.

O defensor ainda questionou o fato de Macarrão ter dito, em seu interrogatório, que “pressentiu” estar levando Eliza para morte. Para Adolfo, não é possível “pressentir” um pedido para matar alguém.

Sequestro de Eliza

Lúcio Adolfo negou que Bruno e seus amigos tenham seqüestrado Eliza do Rio de Janeiro a Minas Gerais. Segundo o defensor, que repetiu a argumentação de Bruno, a modelo foi por vontade própria ao sítio do goleiro em Esmeraldas (MG) para retirar o os R$ 30 mil que o goleiro lhe ofereceu.

“Eliza queria dinheiro e Bruno lhe prometeu o dinheiro, mas Eliza não quis esperar”, disse. “Ninguém disse que ela estava amarrada algemada, nada”, afirmou. O advogado argumentou que nenhuma câmera de segurança dos pedágios, nem do motel onde o grupo se hospedou em Contagem, indicaram qualquer atitude suspeita.

Drogas

O advogado disse que ficou “surpreendido” com o promotor ter associado o goleiro Bruno com o tráfico de drogas na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. O defensor argumentou que o Flamengo mantém um departamento antidopping que flagraria o consumo de drogas pelo goleiro.

Ele criticou também o uso, por parte de Castro, das agressões do goleiro contra Eliza meses antes da morte da modelo. “Foi um caso que já foi processado e julgado."

Adolfo da Silva afirmou que o promotor dez um “cineminha” ao exibir para os jurados vídeos com reportagens sobre o caso Eliza Samudio. “Essa é a prova do Ministério Público.”

O advogado de Bruno critica também a realização do júri enquanto está em curso uma nova investigação sobre o envolvimento dos ex-policiais Gilson Costa e José Laureano, o Zezé, na morte de Eliza.

Segundo o defensor, a expedição da certidão de óbito da modelo, a pedido da juíza Marixa Fabiane Lopes, “alimenta a imprensa” contra o goleiro. Sobre as investigações, Adolfo da Silva questionou o fato de o promotor dizer que Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno e menor à época do desaparecimento de Eliza, é “mentiroso”.

“Não foram as declarações do menor que basearam as investigações?”, indagou.