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Bruno "é o articulador" e "estava no comando" da morte de Eliza, diz promotor

Carlos Eduardo Cherem, Guilherme Balza e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

07/03/2013 13h20

Em sua explanação durante a fase de debates do júri do goleiro Bruno Fernandes, o promotor Henry Wagner de Castro sustentou que o ex-atleta articulou e comandou o sequestro e a morte de Eliza Samudio. 

“Bruno é o articulador, ele estava no controle, no comando, na direção e na ordenação”, disse o promotor, no início da tarde desta quinta-feira (7), ao Tribunal do Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).

Exaltado e usando palavras pesadas para se referir ao goleiro, Castro sustentou que a versão apresentada por Bruno em seu interrogatório é totalmente falsa. “É mais fácil tirar um dente sem anestesia do que a verdade dessa desgraça [Bruno].”

De acordo com Castro, Bruno trocou ligações com seu primo Jorge Luiz Rosa, menor à época do crime, na noite do dia 4 de junho de 2010, data em que teria começado o sequestro de Eliza. No momento das ligações, o goleiro estava concentrado para uma partida do Flamengo, que ocorreria no dia seguinte. 

Segundo o promotor, após falar com Jorge, o goleiro telefonou para Elenilson Vítor da Silva, administrador do sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), para “preparar o cativeiro” de Eliza.

Em seu interrogatório, o ex-atleta afirmou que não trocou telefonemas com Macarrão ou Jorge no dia 4 de junho e que o sequestro de Eliza foi iniciativa da dupla.

Exaltado, o promotor qualificou Bruno como um “facínora”. “Como a pessoa se diz inocente com tanta cachorrada dentro de si”, afirmou Castro.

Sobre o depoimento do goleiro, no qual admite a morte de Eliza, Castro afirmou que “quando está se afundando até jacaré é toco” –-em entrevistas, o promotor disse que não houve confissão no interrogatório de Bruno.

Irônico, Castro comparou Bruno a um ator. "O futebol perdeu um goleiro razoável, mas a dramaturgia ganhou um grande ator", disse o promotor Henry Castro em relação a Bruno.

O promotor relatou, durante a sua explanação, que Eliza teria se afastado de Bruno após o goleiro se negar a lhe ajudar financeiramente. Algum tempo depois, o goleiro passa, sem explicação, a procurar por ela, conforme Castro.

Julgamento atrai curiosos e vendedores

Após ter conseguido localizar Eliza, teria colocado uma arma na cabeça da modelo e a teria ameaçado a moça para realizar o aborto. Em seguida, Eliza teria ido para a cidade de Santos (SP), para supostamente tentar se esconder do goleiro.

O promotor citou depoimento de Milena Barone, amiga de Eliza. Segundo ela, Bruno teria entrado no apartamento onde ela estava com a modelo, no Rio de Janeiro, teria puxado os cabelos de Eliza e tomado o celular dela.

Castro sustenta que, repentinamente, o goleiro mudou de comportamento para tentar atrair Eliza para a morte. "Até hoje não entendi porque Bruno mudou comigo da água para o vinho", teria escrito Eliza em uma mensagem, após ter sido tratada de modo cordial pelo goleiro.

Segundo o promotor, Bruno conseguiu atrair Eliza de volta para o Rio de Janeiro. "Ele passou a enrolar a moça", diz Castro.

No dia 4 de junho de 2010, o promotor diz que Eliza teria recebido várias ligações de uma telefone que pertenceria a Macarrão, conta o promotor.

Castro relembrou a confissão feita por Macarrão, em novembro do ano passado, na qual o ex-braço direito do goleiro "pressentia" que levava Eliza para a morte, a mando do goleiro.

Segundo o depoimento, ele teria tentando demover Bruno da ideia, mas foi chamado de "bundão" pelo jogador. “A partir desta noite você nunca mais vai me chamar de bundão”, teria respondido Macarrão, segundo o promotor.

Para Castro, ao responsabilizar Macarrão, “Bruno quer botar a culpa toda em um já condenado”.

O promotor ainda criticou a defesa de Bruno, que, segundo ele, se comportou como “uma prostituta escarlate no curso do processo."