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Bruno festejou a morte de Eliza, diz promotor

Guilherme Balza

Do UOL, em Contagem (MG)

07/03/2013 20h29Atualizada em 07/03/2013 21h07

O goleiro Bruno Fernandes e os demais envolvidos no sequestro e assassinato de Eliza Samudio festejaram a morte da modelo, segundo afirmou o promotor Henry Wagner de Castro, durante sua explanação apresentada, nesta quinta-feira (7), no Tribunal do Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).

“No dia 11 de junho de 2010, um dia depois do crime, Bruno foi festejar a morte de Eliza Samudio”, afirmou Castro. O promotor se referiu a uma festa no Rio de Janeiro em que estavam presentes Bruno, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, Jorge Luiz Rosa, Sérgio Rosa Sales e Fernanda Gomes de Castro.

O promotor exibiu aos jurados fotos da festa, nas quais Bruno e os amigos aparecem sorrindo e festejando. Castro citou depoimento de Sergio Rosa Sales, primo do goleiro assassinado em agosto passado, que afirmou à polícia que Bruno lhe disse “acabou esse tormento”, em referência à morte de Eliza.

“Tem de ter muita coragem, muita determinação, muito envolvimento, muita cumplicidade, para no outro dia festejar a sua morte”, disse o promotor.

O promotor afirmou ainda que Bruno pagou R$ 5.000 a Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, três dias depois da morte de Eliza.

De modo teatral, e sempre falando em tom elevado, o promotor fez um apelo aos jurados para que apliquem uma “condenação exemplar” a Bruno. “Tem de ter falta de inteligência para absolver esse cara”, disse.

Castro usou cerca de 1h30 de sua réplica e destinou 30 minutos para os demais advogados. Ao longo da explanação, o promotor se debruçou sobre o primeiro depoimento de Jorge Luiz Rosa --primo de Bruno e menor à época dos fatos, que confessou ter participado do seqüestro e da morte de Eliza Samudio-- à Vara de Infância e da Juventude de Contagem.
 

No início, em reposta à defesa, o promotor procurou legitimar o depoimento do primo, dizendo que o relato ocorreu em circunstâncias normais, sem coação sobre o depoente. O objetivo de Castro é validar a versão de Jorge para os crimes, que embasou, em grande parte, a investigação policial e a denúncia do Ministério Público.

Castro rebateu o advogado Lúcio Adolfo da Silva, que citou declaração do promotor dizendo que o depoimento de Jorge era mentiroso. Ele afirmou que Jorge mentiu apenas quando deixou de citar Bola nos depoimentos sobre o crime, temendo represálias.

“Ele mencionou a palavra bola, só neste depoimento [o primeiro de Jorge], oito vezes”, disse. “O menino mente quando diz que não conhece o Bola.”

O promotor também usou boa parte do seu tempo para afirmar que Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que irá a júri em abril próximo, foi contratado por Macarrão para matar Eliza. “Foi Bola quem matou Eliza”. Para convencer os jurados, ele mostrou os extratos das ligações entre Macarrão e Bola na noite em que Eliza foi morta.

Outro suspeito de envolvimento no crime que foi muito citado pelo promotor foi o ex-policial José Laureano Assis, o Zezé, que está sendo investigado nos últimos meses. O promotor voltou a afirmar que ele coagiu Dayanne a levar o filho de Eliza do sítio para Wemerson Marques dos Santos, o Coxinha. "“O Zezé é o articulador dos bastidores. Ele apresentou Bola ao Macarrão. Ele ajudou essa cambada no seqüestro de Eliza no hotel Palace.”

O promotor, que indicou que iria sustentar que Bruno esteve na cena do crime, e não permaneceu no sítio em Esmeraldas (MG), recuou, apesar de insistir que o papel de Bruno foi de mandante dos crimes.

Em seu discurso, Castro procurou, também, rebater as críticas dos defensores dos réus, em especial do advogado de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva. “Fui advogado, não de bandidos! Não de Fernandinho Beira-Mar como vossa excelência. Nem de seqüestradores”, disse, referindo-se ao defensor do goleiro, que já trabalhou para o traficante carioca.

"Lave a boca para falar. Lave sua boca hipócrita suja de mentiras!", disse Castro aos advogados. "Essa defesa não é leal."

Em outro momento, o promotor acusou a defesa de Bruno de orientar Jorge Luiz Rosa a dar entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, para influenciar no júri. Segundo Castro, o primo do goleiro estava disposto a depor, como disse na entrevista, mas foi demovido da ideia pelo defensores de Bruno, após ele afirmar no programa que não havia como Bruno não saber da morte de Eliza.