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Em busca de pena alta, promotor colocará Bruno na cena da morte de Eliza

Carlos Eduardo Cherem, Guilherme Balza e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

07/03/2013 09h28

Para convencer os jurados de que o goleiro Bruno Fernandes foi o mandante da morte de Eliza Samudio, o promotor Henry Wagner de Castro irá colocar o jogador na cena do crime, isto é, ele tentará convencer os presentes de que o atleta não somente ordenou o assassinato da modelo, como também presenciou a sua morte na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano (MG).

Ontem, o promotor afirmou que o Ministério Público espera uma pena em torno de 30 anos para o réu. Wagner de Castro abrirá a sessão de hoje, que será destinada aos debates entre acusação e defesa. Ele terá 2h30 para provar a culpa de Bruno. Em seguida, a defesa terá o mesmo tempo para contra-argumentar.

O promotor já afirmou que pretende usar o tempo de 2h para réplica, o que dará direito ao mesmo tempo de tréplica para os advogados dos réus.

Sentença sai hoje

O futuro do goleiro Bruno Fernandes e de sua ex-mulher Dayanne Souza, ambos réus no processo sobre a morte de Eliza Samudio, será decidido nesta quinta-feira (7) pelo Tribunal do Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).

O jogador é acusado por sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do bebê Bruninho, seu próprio filho, pela morte da modelo e ocultação do cadáver dela. Pelos crimes, pode pegar até 41 anos de prisão, caso seja condenado.

A acusação contra Bruno pela morte da modelo tem três qualificadoras: motivo torpe, emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel. Já Dayanne responde por sequestro e cárcere privado do bebê e pode pegar até três anos de prisão.

A expectativa do promotor Henry Wagner de Castro é de que a pena imposta a Bruno “tangencie os 30 anos”. A promotoria não viu confissão no depoimento do goleiro, que admitiu a morte de Eliza, disse que a poderia ter evitado, mas responsabilizou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pelo crime. “Não há sequer um traço de confissão.”

No caso de Macarrão, a pena dele foi reduzida, no júri de novembro passado, em oito anos --de 23 para 15 anos-- por ele ter confessado participação na morte da modelo. “A situação dele [Bruno] é sensivelmente diversa da de Macarrão, o qual confessou o crime, ainda que de maneira tímida.”

Apesar de reconhecer “claramente” que Bruno apontou Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, como o autor da morte de Eliza, Castro sustenta que a delação não deve resultar em redução de pena e que o Ministério Público irá recorrer, caso a juíza Marixa Fabiane Lopes diminua a pena do goleiro.

Defesa otimista

Já a defesa do goleiro torce para que o entendimento dos jurados e da magistrada seja o de que Bruno participou da morte de Eliza, embora não como mandante, mas sim como participante de “menor importância”. Por essa tese, Bruno seria condenado por ter se omitido ao não evitar o assassinato da modelo.

“Participação de menor importância não absolve, mas pode reduzir a pena. Ele confessou a participação, mas foi uma participação diferenciada”, afirmou Lúcio Adolfo da Silva, que prevê uma pena entre oito e dez anos para o goleiro.

O defensor disse acreditar que por Bruno ter confessado, o goleiro pode obter redução de um sexto a um terço da pena. “Queremos o mesmo posicionamento [da juíza] que teve com o Macarrão. Vamos criar uma situação parecida.”

No Brasil, o tempo máximo que uma pessoa pode ficar na prisão é 30 anos, mesmo que a condenação seja maior. Para progredir do regime fechado ao semiaberto, o preso tem de apresentar bom comportamento e cumprir dois quintos da pena, mesmo prazo para progredir do semiaberto ao aberto.

Entenda a sessão de hoje

A sessão está prevista para começar às 9h, com os debates entre acusação e defesa. Cada parte tem direito a 2h30 de explanação --o primeiro a falar é o promotor, que pode dividir seu tempo com os advogados de acusação.

Depois do tempo destinado à defesa, a promotoria pode pedir a réplica, que dura duas horas, mesmo tempo da tréplica a que os advogados de defesa terão direito.

Após os debates, os jurados se reúnem em uma sala fechada e respondem a perguntas que definirão se os réus são culpados ou inocentes, e, no caso de condenação, se há qualificadoras para os crimes. Em seguida, a juíza redige a sentença e a anuncia aos presentes. A previsão é de que a sessão de hoje termine somente à noite.