Condenado a 22 anos e 3 meses de prisão, goleiro Bruno quer voltar a estudar para reduzir pena
O goleiro Bruno Fernandes quer retomar os estudos dentro da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), como forma de reduzir a pena de 22 anos e três meses de prisão imposta a ele pela morte de Eliza Samudio, sua ex-amante. Bruno está confinado no local desde julho de 2010.
De acordo com o advogado do goleiro, Lúcio Adolfo da Silva, a intenção do cliente é concluir o ensino fundamental (ele teria estudado até o 4º ano) e, em seguida, fazer o ensino médio. Ainda conforme Silva, o atleta quer alcançar também uma vaga no ensino superior, mas não teria se decidido pelo curso.
“Eu vou estar com ele hoje à tarde, vamos conversar sobre isso e finalizar os detalhes”, disse o advogado. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (Seds), a cada doze horas de estudos há remição de um dia na pena do preso matriculado no programa “Educação de Jovens e Adultos (EJA)”.
Geralmente, o detento estuda quatro horas por dia. No tocante ao curso superior, o confinado pode disputar uma vaga por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do Sistema Prisional.
Na prática, goleiro Bruno pode ficar quatro anos preso
Atualmente, Bruno presta serviço na lavanderia do presídio. O advogado calcula que, caso Bruno ingresse no programa de estudo e faça as duas atividades, ou seja, trabalhe e estude, ele poderia pleitear a progressão para o regime semiaberto em 2015.
Nesta quarta-feira (12), o promotor de justiça Henry Castro havia afirmado que o goleiro poderia usufruir da progressão de pena em meados de 2018. “Vamos ver se ele inicia ao menos o curso superior ainda na penitenciária”, disse o advogado do jogador.
Conforme informação da Seds, 6.000 detentos estudam enquanto cumprem pena em Minas Gerais. Das 129 unidades prisionais do Estado, 67 são dotadas de escola. Em 2012, foram 3.141 inscritos, de 95 unidades prisionais do Estado, no Enem específico para o sistema.
Decepcionado
Lúcio Adolfo Silva afirmou não ter se encontrado pessoalmente com o goleiro depois da sentença dada a ele, no último dia 8, no fórum de Contagem. No entanto, o advogado disse que o cliente ficou “decepcionado” com a condenação imposta a ele.
“Ele ficou decepcionado. Ele viu que o processo era cheio de buracos”, informou Silva. O advogado questionou a declaração dada pelo promotor Henry Castro, que havia dito ao UOL não acreditar na regeneração do goleiro.
“O Bruno não é um bandido, não é um cara que anda armado. Existe apenas um fato pontual na vida dele. É um absurdo ele falar isso. O sistema penal se baseia na possibilidade da recuperação, da ressocialização e de readaptação do cidadão. Para isso que existe a progressão do regime”, afirmou.
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