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Após depor, testemunha de defesa de Bola pede a sua condenação

Carlos Eduardo Cherem e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem

23/04/2013 21h15

O deputado estadual Durval Angelo (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais há 14 anos, pediu nesta terça-feira (23), logo após seu depoimento, a condenação de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, pelo assassinato e desaparecimento da ex-modelo Eliza Samudio --ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos pelo crime.

O inusitado é que Angelo foi arrolado para depor pela defesa de Bola. O julgamento de Bola é realizado em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.

O deputado afirmou que há dois casos concretos analisados pela comissão, em 2009, em que se comprovou a participação do ex-policial na morte e desaparecimento de dois jovens. “Esses corpos desses dois jovens nunca foram encontrados e não serão jamais descobertos. A especialidade desse ex-policial é matar e desaparecer com os corpos”, afirmou Angelo.

“Fui arrolado como testemunha de defesa mas acho que não fui uma boa testemunha de defesa porque, antes mesmo do assassinato de Eliza Samudio, já tínhamos na Comissão de Direitos Humanos denúncias de mortes que o ex-policial teria participado”, disse.

Para o parlamentar, a sua participação no julgamento como testemunha de defesa faz parte da estratégia dos advogados de Bola em “espalhar confusão”.

“A estratégia da defesa é espalhar confusão. Tribunal do júri é um teatro, onde as pessoas estão ali representando. E um teatro que quer sensibilizar sete pessoas de que seu juízo está certo. Ércio Quaresma [advogado de Bola], com todo o seu brilhantismo, defende o indefensável. Ela está defendendo uma causa perdida”, afirmou.

O deputado disse que a defesa de Bola ainda tentou encontrar em seu depoimento contradições com o inquérito policial conduzido pelo ex-delegado Edson Moreira, um dos responsáveis pelas investigações, como chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Minas Gerais, que levaram à condenação de Macarrão e Bruno.

“Queriam explorar contradições no trabalho de investigação da Polícia Civil, já que a Comissão de Direitos Humanos acompanhou o processo, mas não encontraram”, disse Angelo.  

“Os jurados devem condenar Bola. Não podemos admitir a morte e a violência numa sociedade democrática”, disse o parlamentar.

“Os dois primeiros júris estão corretos. Condenaram o Macarrão [Luiz Henrique Ferreira Româo] e o Bruno [Fernandes]. Espero que esse júri faça a mesma coisa."