Defesa tenta convencer júri de que Bruno mentiu sobre Macarrão ter contratado Bola para matar Eliza
A defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor de Eliza Samudio, tenta, na tarde desta terça-feira (23), segundo dia do julgamento do réu, desqualificar depoimento do goleiro Bruno dado durante seu julgamento em março deste ano, no qual ele apontou Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, como responsável pela contratação de Bola para matar a ex-amante. Em março deste ano, Bruno foi condenado a 22 anos de prisão.
Após o intervalo para o almoço, determinado pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, começou o testemunho de Durval Ângelo, deputado estadual (PT) e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas Gerais. Ele foi arrolado pela defesa de Bola. O parlamentar está sendo ouvido no salão do júri no Fórum Doutor Pedro Aleixo.
Ângelo foi responsável por audiência, em 2011, na qual o goleiro Bruno Fernandes foi ouvido sobre uma suposta tentativa de suborno feita a ele por uma juíza da cidade de Esmeraldas, situada na região metropolitana de Belo Horizonte.
O advogado Ércio Quaresma, um dos defensores de Bola, questionou ao deputado se o goleiro, à época, tinha mencionado Macarrão como sendo um dos responsáveis pela morte de Eliza.
“Não creditou, nem na conversa particular nem em público, qualquer responsabilidade do crime a Macarrão”, afirmou Ângelo.
O petista também disse que o goleiro não lhe confidenciou nenhuma culpa no sumiço da moça.
“Negou de forma peremptória [ter mandado matar Eliza Samudio], admitiu a briga, desavença e agressão, mas que ela tinha tomado destino ignorado”, disse.
Apesar de a juíza ter questionado o deputado sobre a motivação do pedido de audiência pública na Assembleia Legislativa, que fora a de o goleiro ter dito que se sentia ameaçado, Ângelo relembrou que o jogador aparentava tranquilidade na audiência.
O deputado também se encontrou com Macarrão, na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), em julho de 2011. Ângelo recordou que o réu, condenado a 15 anos pela morte de Eliza Samudio, negou envolvimento com Bola.
“Ele confirmou que ligava, tinha o telefone da casa do Marcos Aparecido, mas para tratar da carreira futebolística do filho de Bola”, afirmou.
Duas mortes
O deputado ainda afirmou que o nome do Bola não foi citado por Júlio César Monteiro de Castro, então chefe do GRE, grupo de elite extinto da Polícia Civil mineira. Castro foi ouvido durante audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia mineira sobre o caso da morte de dois homens, em 2008, na cidade de Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Bola e ex-integrantes do GRE respondem a processo na Justiça da cidade mineira.
Ele disse que o nome de Bola somente surgiu por meio de testemunhas vizinhas ao local onde o grupo treinava, em Esmeraldas, e teriam presenciado a captura dos homens pelos integrantes do grupo especial.
As vítimas, que tinham passagem pela polícia, teriam sido assassinadas nas imediações onde o grupo treinava, em um sítio localizado em Esmeraldas, depois de terem sido torturados, inclusive com a presença de cães. Os corpos teriam sido queimados em pneus.
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