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"Inimigo", delegado que acusou Bola deve depor nesta quarta-feira (24)

Carlos Eduardo Cherem e Rayder Bragon

Do UOL, Em Contagem (MG)

24/04/2013 06h00

Um dos depoimentos mais aguardados no julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, poderá ocorrer nesta quarta-feira (24), terceiro dia do júri popular do acusado de ser o executor de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, já condenado a 22 anos de prisão.

O ex-delegado Edson Moreira, que foi o responsável pelas investigações sobre o sumiço da moça, deverá ser ouvido durante o dia de hoje. Arrolado pela defesa, o atual vereador por Belo Horizonte e filiado ao PTN é inimigo declarado do réu e do advogado de Bola, Ércio Quaresma.

A sessão está marcada para começar às 9h da manhã desta quarta-feira (24), no salão do júri do Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Durante a fase de investigação, Quaresma e Moreira trocaram ofensas pela imprensa. Bola também entrou na discussão. Ele acusou o delegado de tê-lo indiciado pela morte da ex-modelo por causa de desavenças no tempo em que foram contemporâneos na Polícia Civil mineira.

De acordo com a assessoria do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), a primeira testemunha a ser ouvida será o jornalista José Cleves, que fora indiciado pelo então delegado Edson Moreira pela morte da esposa, mas absolvido da acusação pela Justiça. 

Testemunhas do segundo dia

Nesta terça-feira (23), terminaram os depoimentos das testemunhas arroladas pela acusação. O detento Jaílson Alves de Oliveira foi quem fechou a lista feita pelo MPE (Ministério Público Estadual).


O detento, que foi quem revelou uma suposta lista de pessoas ligadas ao caso Eliza Samudio que estariam marcadas para morrer, Oliveira ainda reafirmou que Bola teria dito a ele ser o autor da morte de Eliza.

Quaresma ainda teve negado seu pedido para processar o presidiário por suposto falso testemunho. Segundo ele, Oliveira teria dito não ser culpado de alguns crimes pelos quis cumpre pena

Conforme o defensor do réu, a testemunha teria apresentado contradições em seus depoimentos dados à Justiça, ao serem confrontados com teor de carta endereçada ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa.

Jailson Oliveira foi condenado por latrocínio (roubo seguido de morte), e outros crimes, a 35 anos e sete meses de prisão. Conheceu Bola na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, onde ainda estão presos o ex-goleiro Bruno Fernandes e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, já condenados no crime pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio.

Já durante as declarações do deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas Gerais (AL-MG), a defesa do réu procurou desqualificar o depoimento do goleiro Bruno Fernandes no qual ele acusou Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, de ter contratado Bola para matar Eliza. Ele foi a primeira testemunha arrolada pela defesa de Bola a depor.

A juíza iria encerrar com ele o segundo dia do julgamento do réu, mas um dos jurados quis ouvir o depoimento do corregedor da Polícia Civil de Minas Gerais, Renato Patrício Teixeira.

O corregedor informou à juíza, durante seu depoimento, que Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e outros três policiais, que seriam integrantes do GRE, grupo de elite extinto da Polícia Civil mineira, são alvo de investigação em processo administrativo da corregedoria da corporação.

O quarteto é acusado da morte de dois homens, em 2008, nas proximidades de sítio localizado na cidade de Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Teixeira ainda disse existir outro procedimento administrativo na corregedoria para investigar a participação de Bola, mesmo não sendo policial, em treinamentos de integrantes do GRE.