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Defesa de Bola ameaça pedir anulação de julgamento após advogado ter palavra cassada

Rayder Bragon e Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Contagem (MG)

26/04/2013 09h17

Os seis advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola”, julgado como executor da morte da ex-modelo Eliza Samudio, ameaçam pedir anulação do julgamento do ex-policial depois que a juíza Marixa Rodrigues, a pedido do promotor Henry Castro, cassou a palavra do advogado Ércio Quaresma na sessão desta quinta-feira (25).

"A defesa tem diversos vieses para pedir a anulação. A defesa ficou sem perguntas importantes", afirmou o advogado Fernando Magalhães. "Esse processo é parte da vida dele (Ércio Quaresma). Ele sabe minúcias de cor e de coração desse processo. Ele sabe porque lhe causa sofrimento."

Além de Magalhães, atuam na defesa de Bola os advogados Américo Leal, Alexandre Maziero, Marco Mezia e Lucas Sá. Eles suspenderam as perguntas ao ex-delegado Edson Moreira, diretor do Departamento de Homicídios de Minas Gerais à época das investigações, que vinha sendo inquirido por Quaresma havia mais de 12 horas.

Magalhães se limitou a dizer ao ex-delegado que "em tempo e em hora esse sujeito vai ouvir o que merece". Ex-delegado de carreira da Polícia Civil de Minas Gerais, Moreira é atualmente vereador em Belo Horizonte.

Quando Marixa Rodrigues cassou a palavra de Quaresma, o advogado dizia, após diversas ofensas à testemunha durante todo o depoimento, que o ex-delegado estava em suas mãos [de Quaresma] e que ficaria assim por mais 12 horas. A magistrada considerou a fala de Quaresma, sem perguntas objetivas, intimidatória e o impediu de continuar.

Mais um tiro no pé

Para o promotor Henry Castro, as diversas tentativas dos advogados de Bola de tentar "humilhar" e "intimidar" testemunhas, de acordo com a decisão da juíza, não é uma estratégia inteligente. "Não vejo inteligência nesse procedimento da defesa. Com isso, a defesa só cativa a antipatia dos jurados", disse Castro.

"Foi um tiro a mais dado no próprio pé. É como se a defesa perdesse o foco no interesse do cliente. Ela sai enfraquecida", afirmou. "É consenso, para todos nós, que somos inteligentes, perceber isso.", disse o promotor.

Enfadonho

Este quinto dia de julgamento está sendo para a leitura de peças do processo. Para o promotor Francisco Santiago, um dos mais experimentados do Estado e com atuação em pelo menos mil júris, a estratégia da defesa, ao solicitar a produção da análise dos documentos para os jurados, pode irritá-los. Para ele, o dia do júri hoje será “enfadonho”.