Defesa de Bola volta a tumultuar júri de ex-policial em Minas Gerais
Um dia depois após ter a fala cassada e ser proibido de falar no julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ter executado e desaparecido com o corpo da ex-modelo Eliza Samudio, o advogado Ércio Quaresma voltou a tumultuar o julgamento. Quaresma foi impedido de falar depois de "desrespeitar" e "intimidar" testemunhas, segundo a juíza Marixa Rodrigues, que preside o julgamento.
O dia a dia do júri
A confusão começou quando um escrevente do fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, onde ocorre o júri, lia há quase sete horas as peças da investigação do crime, a pedido da própria defesa. São cerca de 50 documentos que estão sendo lidos e, que, segundo a defesa, são necessários ao entendimento do corpo de jurados sobre o caso.
Marixa Rodrigues levantou-se e, deixou a sala por alguns instantes. Foi o tempo suficiente para Quaresma voltar ao salão do júri. Dedo em riste, gritando muito, mandou o escrevente parar de ler a peça. O rubor tomava-lhe a face e, suando muito, aos berros, disse ao escrevente: "Tenho ordens do tribunal, o senhor pare, ou vai arcar com as consequência". A sessão ficou tumultuada. O funcionário manteve-se em silêncio, após tentar explicar a Quaresma que não poderia cumprir sua ordem.
Em alguns minutos, Marixa Rodrigues voltou ao salão do júri e, após ouvir o funcionário, determinou a presença de Quaresma na sala.
"O senhor entrou aos berros no salão do júri. Mandou parar a leitura dos documentos, dizendo que tinha uma ordem. O senhor não tinha uma ordem para mandá-lo parar a leitura dos documentos. Isso causou um tumulto dentro do tribunal. Fica o senhor advertido que não vou admitir", afirmou a juíza. "Quem preside o julgamento sou eu. Quem deve mandar o funcionário parar sou eu", disse Marixa.
Quaresma tentou falar alguma coisa ininteligível. "Não estou dando a palavra para o senhor. Estou advertindo: o senhor não manda aqui".
"Este moço está mentindo. Ele está mentindo. Não mandei, não", disse o advogado.
"Não é verdade, mandou parar. O senhor mandou parar. O senhor teria de reportar a mim", disse Marixa Rodrigues. "Sou eu que presido o julgamento", repetiu por cinco vezes. Voltando a dizer palavras ininteligíveis, o advogado deixou a sala. A sessão continuou.
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