Mulher que acusa pastor de estupro diz que teme por sua família
Uma das mulheres que acusa de estupro o pastor Marcos Pereira, preso na noite de terça-feira (7), afirmou temer pela segurança de sua família após ter realizado a denúncia. A mulher, que tem medo de se expor, pede que não sejam feitas fotos dela. "Saímos de lá [da igreja], mas não deixamos de acreditar em Deus. Não sou só eu, não sou sozinha. A gente tem filhos, família e fica com medo”, disse à reportagem do UOL. “A gente é uma formiguinha na frente de um batalhão."
"Tem coisas que é muito complicado falar, mas eu resolvi denunciar para que isso sirva de alerta e outras mulheres não sofram com isso", explica, sob o olhar atento da filha mais velha.
Segundo o depoimento da mulher, ela morou em um abrigo da Assembleia de Deus dos Últimos Dias e, lá, foi obrigada a fazer um "Conserto Espiritual", que consistia em contar ao Pastor detalhes de sua vida pessoal, como dizer se era virgem e se já havia namorado.
Ela contou à polícia detalhes dos abusos que sofreu durante dois anos, sempre dentro da igreja. Segundo ela, o pastor a procurava sempre que ela estava brigada com o marido. Além disso, ela falou também, em depoimento, sobre uma suposta lavagem de dinheiro que o pastor faria na Assembleia.
"Que o pastor Marcos recebia o dinheiro dos traficantes, nos valores entre R$ 15 mil e R$ 20 mil e entregava CDs e DVDs no intuito de se resguardar na lavagem de dinheiro; que o pastor dizia aos membros da sua congregação que estava vendendo os CDs para evangelização e não pegando o dinheiro com o tráfico", explica no depoimento.
Assembleia de Deus dos Últimos Dias
A mulher e a família deixaram a igreja há quatro anos e, segundo depoimento dela, tiveram que passar por "tratamento psicológico constante para tentar uma vida normal".
Ele é suspeito de abusar sexualmente de seis fiéis da igreja que comanda, a Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Uma das vítimas já foi casada com o pastor e teria sido abusada enquanto ainda era mulher do suspeito.
Em depoimento à polícia, uma das mulheres contou que foi estuprada por Marcos Pereira dos 14 aos 22 anos. Na delegacia para onde foi levado, o suspeito não quis dar entrevista. Ele se limitou a dizer que não tinha detalhes sobre a acusação feita contra ele.
Os mandados foram decretados pelos juízes Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca, na última quinta-feira (02).
Segundo o delegado Márcio Mendonça, da DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), as investigações começaram há pouco mais de um ano, a partir de acusações que o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, fez sobre o suposto envolvimento de Marcos Pereira com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao longo das investigações, a polícia descobriu que o pastor teria estuprado seis fiéis, entre elas três menores de idade.
Possessão
O delegado afirmou ainda que o pastor fazia orgias com homens, mulheres e menores dentro de uma igreja em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O pastor alegaria que as pessoas estavam possuídas por demônios e precisavam ter relações sexuais com ele, que era uma pessoa santa.
Segundo o delegado, Pereira visitou o traficante Marcinho VP, apontado pela polícia como um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho, por duas vezes, nos presídios federais de Catanduvas (PR) e Mossoró (RN).
Habeas corpus
O advogado do pastor Marcos Pereira afirmou que deve pedir ainda nesta quarta-feira (8) um habeas-corpus pela soltura de seu cliente. Segundo Marcelo Patrício, o pastor está "tranquilo" e "sereno" na prisão, porque se considera inocente.
"É uma covardia o que está sendo feito com o pastor. É tudo mentira. Isso é invenção de pessoas que não gostam dele", disse Patrício. "Duas pessoas foram forçadas a fazerem isso [acusá-lo]. Uma menor fez um exame no IML [Instituto Médico Legal], que comprovou que ela é virgem. Ele é uma pessoa muito boa, nunca ameaçou ninguém."
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