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Após turista baleado, Cabral diz que tamanho da Rocinha dificulta pacificação

Do UOL, no Rio*

03/06/2013 17h33

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PDMB), afirmou nesta segunda-feira (3) que a dimensão de uma favela como a Rocinha, na zona sul da cidade, considerada a maior da América Latina, dificulta o processo de pacificação. Para ele, os recentes casos de violência em áreas de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), como o do turista alemão baleado na Rocinha, são "tentativas desesperadas de alguns remanescentes do crime".

"Nunca tivemos ilusão de que a retirada dos traficantes dessas localidades seria um processo fácil. A Favela da Rocinha e o Complexo do Alemão são áreas muito grandes e, para nós, [os últimos incidentes] são tentativas desesperadas de alguns remanescentes do crime, que tentam pôr em cheque a credibilidade desse grande trabalho", afirmou o governador, que compareceu na manhã de hoje à solenidade de inauguração da UPP Cerro-Corá, no Cosme Velho, na zona sul.

O turista alemão foi identificado como Frank Daniel Baijaim, 25, e permanece internado na unidade semi-intensiva do hospital Miguel Couto, no Leblon, também na zona sul. Segundo o último boletim médico, o quadro clínico do alemão ainda "inspira cuidados".

Baijaim foi atingido no tórax em uma localidade conhecida como Roupa Suja, no alto da Rocinha. De acordo com a assessoria da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local, um morador encontrou o turista caído no chão. A comunidade foi ocupada por policiais em novembro de 2011. A instalação da UPP na favela se deu em setembro de 2012.

Um amigo relatou à polícia que eles visitavam a comunidade quando encontraram um homem armado enquanto desciam uma escadaria. Eles se assustaram, segundo o depoimento, e fugiram, mas Daniel acabou baleado. Policiais da Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo) ouviram o amigo e a vítima, no hospital.

O rapaz chegou em estado gravíssimo ao Miguel Couto e passou por uma cirurgia que durou aproximadamente três horas, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde. A intervenção cirúrgica foi bem sucedida, mas ele precisa ficar em observação, segundo o órgão.

As circunstâncias e autoria do crime estão sendo apuradas pela Deat, e equipes estão nas ruas realizando diligências para identificar e prender os autores dos disparos, segundo a Polícia Civil.

Mapa das UPPs - clique na imagem para ver em tamanho maior

  • Arte/UOL

Menor volta atrás

Um menor que se apresentou a policiais da UPP Rocinha na madrugada de sábado (1º) confessou ser o autor do disparo que atingiu o turista alemão, mas depois negou e disse ter sido coagido a assumir o crime. O jovem de 16 anos foi encaminhado para a Deat, no Leblon.

Segundo informações da Polícia Civil, o menor se entregou aos policiais da UPP acompanhado de um homem que presta serviços sociais na comunidade. O jovem disse ter atirado no turista, mas, no depoimento ao delegado do Deat, Alexandre Braga, mudou a versão e negou a autoria do crime.

O delegado avaliou que as informações iniciais do suspeito conflitavam com o depoimento do amigo do turista alemão que presenciou o crime. Ele acredita que o menor não é culpado. "Percebemos que havia discrepâncias muito grandes entre a versão do jovem e a do turista. Muito provavelmente esse jovem não foi o autor do disparo", afirmou o delegado.

A Rocinha, pacificada em setembro de 2012, tem enfrentado episódios violentos. Em 1º de maio, um PM lotado na UPP da favela foi baleado na rua Um, em patrulhamento. Na véspera, PMs já haviam sido atacados por traficantes e um policial foi ferido por estilhaços. (Com Agência Brasil)