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Estádios da Copa, "roubalheira" e até PEC 37 motivam manifestantes de Brasília

17.jun.2013 - Manifestantes sobem nas cúpulas do Congresso Nacional durante protesto na noite desta segunda-feira - Aiuri Rebello/UOL
17.jun.2013 - Manifestantes sobem nas cúpulas do Congresso Nacional durante protesto na noite desta segunda-feira Imagem: Aiuri Rebello/UOL

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

17/06/2013 20h31Atualizada em 17/06/2013 20h48

Os manifestantes que invadiram a marquise do Congresso Nacional, em Brasília, na noite desta segunda-feira (17) foram motivados por indignação contra a corrupção, contra  PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que tira poderes de investigação do Ministério Público e contra os gastos na Copa do Mundo.

"Com tanta coisa para fazer no país, foram gastar essa fortuna em estádios. É o fim do mundo. Aí eles ainda têm coragem de vir com esse papo de PEC 37 e acham que todo mundo aqui é palhaço. Acorda, Brasil", conclama Lucas Crexell, estudante, de 17 anos, um dos que subiram na laje do prédio do Legislativo federal. A PEC 37 restringe o poder de investigação dos integrantes do Ministério Público e deve ser votada pelo Congresso na semana que vem.

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"Vi no Facebook que ia ter protesto e resolvi vir porque eu acho muito justo. O brasileiro está cansado e está na hora de levantar da cadeira e ir para a rua fazer a nossa parte", afirma Augusto Coelho, estudante, 20 anos.

A grande maioria dos manifestantes é de jovens estudantes. Luís Mauricio Freitas, 18 anos, também estudante, diz que viu o protesto na TV, não perdeu tempo e correu para o Congresso. "Está certíssimo. Chegou a hora de protestar. Não aguentamos mais roubalheira e viver em um país de terceiro mundo."

Com cartazes, faixas e bandeiras do Brasil, o protesto por volta das 17h, no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios.

Durante a caminhada, mais pessoas foram aderindo à manifestação, que é acompanhada pelos policiais. O protesto foi organizado pelas redes sociais. Na chegada ao Congresso, um grupo chegou a invadir o espelho d'água em frente ao prédio.

Protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo
Protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo
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Entenda

A insatisfação que levou milhares às ruas em São Paulo e Rio de Janeiro nos últimos dias, em manifestações que resultaram em inúmeros atos de violência, depredação e confrontos com a polícia, vai além do descontentamento com a elevação na tarifa do transporte público. E no momento em que o Brasil está sob os holofotes às vésperas de receber grandes eventos internacionais, o movimento ganha corpo e se espalha por outras capitais do país.

Desde a semana passada manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, têm protestado contra o aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo --foi de R$ 3 para R$ 3,20. Autoridades descartam rever o preço e argumentam que o reajuste, inicialmente previsto para janeiro, foi postergado para junho e veio abaixo da inflação.

Para a professora Angela Randolpho Paiva, do Departamento Ciências Sociais da PUC-RJ, o movimento emana de uma insatisfação difusa de estudantes. "É um grupo de estudantes, inclusive estudantes de classe média que estão na rua num momento de uma catarse mesmo. Quer dizer, os 20 centavos foram estopim para muita insatisfação com o que está acontecendo, e tomara que usem essa energia para outros protestos."

"Eu diria que tem uma insatisfação quando você vê que esses eventos [Copa das Confederações e Copa do Mundo] têm prioridade número um na gestão pública. Todo dinheiro é gasto nisso", disse. "Uma coisa é certa, o poder das redes sociais. Isso não pode ser desprezado em hipótese nenhuma. Essa questão da passagem é muito inesperado ter tomado essa proporção", disse.