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Após início de confronto, PM dispersa manifestação em Brasília com bombas, spray e carros

Aiuri Rebello e Débora Melo

Do UOL, em Brasília

26/06/2013 21h17Atualizada em 26/06/2013 22h52

Após horas de protesto pacífico nesta quarta-feira (26), grupos de manifestantes começam a jogar bombas nos policiais militares que faziam o cordão de isolamento ao redor do Congresso Nacional, em Brasília. Os policiais reagiram com bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e bombas de efeito moral. A assessoria de imprensa da PM confirmou que houve ordens para dispersar o tumulto, mas não soube informar de onde partiu a ordem.

Para dispersar os manifestantes, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo inclusive em manifestantes que não estavam atacando os policiais. A reportagem do UOL presenciou policiais dando tapas no rosto de manifestantes e jogando spray de pimenta à queima-roupa. Carros da polícia também passaram sobre o gramado da Esplanada dos Ministérios, dando "cavalos de pau" e assustando os manifestantes -- muitos saíram correndo.

Dois manifestantes foram presos próximo ao Museu Nacional. Segundo a PM, eles teriam jogado pedras nos policiais e portavam bombinhas.

O início do tumulto foi por volta das 21h, quando várias bombas foram jogadas sobre os PMs: algumas caíram no espelho d'água do Congresso, espirrando água em alguns policiais, e outras estouraram no meio deles. Ativistas também jogam garrafas d'água e latas nos agentes.

Quando as bombas estouravam, a maioria dos manifestantes vaia e grita palavras de ordem como "ô, filho da p***, não estraga nossa luta".

Mapa dos protestos

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O servidor público Paulo César Guedes, 26 anos, estava sentado com os amigos na Esplanada na hora da dispersão. Segundo ele, um carro policial acelerou e depois freou em cima do grupo. Um dos PMs gritou "quer morrer, filho da p***?" e outro jogou spray de pimenta nos rostos dele e dos amigos. "Sempre achei que os protestos tinham que ser pacíficos, mas a polícia está agindo de forma truculenta, desproporcional. Eu não estava agredindo ninguém, não estava depredando o patrimônio público, não estava fazendo nada. Foi muito cruel".

Após a ação da PM, outros manifestantes ofereceram água e vinagre a Paulo César, que tinha dificuldades para respirar.

A Polícia Militar do DF estimou, no auge da manifestação, em 5.000 pessoas o grupo que ocupou o gramado em frente ao Congresso Nacional. Entre os gritos de guerra, estão "pula, sai do chão contra a corrupção", "Sarney, ladrão, devolve o Maranhão" e "fora, Renan".

Mais cedo, outras duas pessoas foram detidas, uma por porte de entorpecentes e outra por carregar faca e cassetete na mochila. Alguns manifestantes começaram a jogar bombas contra os policiais que cercam a Câmara e o Senado. A manifestação começou por volta das 16 h, com 600 pessoas, e aumentou com um grupo que veio do estádio Mané Garrincha, no início da noite. Vias foram interditadas para o protesto.

Um policial de trânsito foi atropelado quando tentava administrar o trânsito no Eixo Monumental.

Após a dispersão, um grupo de manifestantes saiu do protesto e invadiram o shopping Pátio Brasil, na Asa Sul da capital. Pelo menos uma vidraça foi quebrada.

Reuniões no Congresso

A manifestação de hoje na cidade ocorre num momento em que a presidente Dilma, o Congresso e a Justiça adotam uma agenda "positiva" em resposta às ruas. 

Nesta quarta, manifestantes se reuniram com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Eles deixaram o Senado sem apresentar reivindicações, mas marcaram uma nova reunião com o chefe de gabinete de Renan para amanhã às 18h. Até lá, devem estudar uma pauta unificada de reivindicações.

Na Câmara, os manifestantes apresentaram duas pautas de reivindicações e saíram com uma promessa do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de trabalhar para "enterrar" o projeto conhecido como "cura gay"

(Com Estadão Conteúdo)