Invasão da Câmara de Santa Maria acaba após demissão de secretário e procurador
Depois de quase uma semana, os manifestantes que invadiram o plenário da Câmara de Vereadores de Santa Maria deixaram o local na manhã desta segunda-feira (1º) comemorando a demissão do secretário de Comunicação e Relações Institucionais da prefeitura, Giovani Mânica, e do procurador jurídico da Câmara, Robson Zinn.
A saída de Zinn foi confirmada pelo presidente do legislativo, Marcelo Bisogno (PDT), que assinou um documento comprometendo-se com a exoneração em um prazo de 30 dias. O documento foi assinado de madrugada, o que garantiu a desocupação ainda nesta manhã. Durante a invasão, a fachada e os banheiros do prédio foram pichados pelos manifestantes.
O presidente da Associação dos Sobreviventes e Familiares das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (ASFVT), Adherbal Ferreira, comemorou o acordo. “Foi uma vitória do povo”, disse ele. A desocupação deve ser completada até meio-dia. Por volta das 8h30min, restavam apenas cinco pessoas no plenário - eles faziam a limpeza do local.
Os manifestantes também conseguiram a garantia de Bisogno de que três integrantes da CPI da boate Kiss deixarão a investigação. Os vereadores Maria de Lourdes Castro (PMDB), Sandra Rebelato (PP) e Tavores Fernandes (DEM) foram flagrados em uma gravação em que confirmavam o objetivo de não ouvir pessoas que pudessem responsabilizar o prefeito Cezar Schirmer (PMDB) pelo incêndio que matou 242 pessoas em janeiro.
O grupo, que tinha entre 60 e 100 manifestantes, estava desde a tarde de terça-feira (25) acampado no plenário da Câmara. No áudio, com mais de 42 minutos, a presidente da CPI, Maria de Lourdes Castro, o vice, Tavores Fernandes (DEM), e o assessor dele fazem críticas à mudança de posicionamento da vereadora Sandra Rebelato, relatora da Comissão.
Na gravação, o trio diz que a investigação não pode chegar ao secretário de Relações de Governo e Comunicação, Giovani Mânica, nem ao prefeito de Santa Maria. Além das exonerações, os vereadores serão submetidos a uma Comissão de Ética e podem ter seus mandatos cassados.
Mânica colocou o cargo à disposição no final de semana. Zinn foi acusado pelos manifestantes de ser o articulador da CPI da boate Kiss, composta apenas por vereadores da base de apoio de Schirmer. O procurador é presidente do diretório municipal do PMDB.
Zinn rebateu as acusações de que estaria controlando a CPI e classificou a invasão como “movimento político”. Segundo ele, o grupo é manipulado pelo PT. “Por trás do movimento está um partido que perdeu as duas últimas eleições e não se conforma com isso”, disse. O PT governou Santa Maria por dois mandatos até perder a eleição para Schirmer em 2006.
O procurador também criticou o presidente da AFSVT dizendo que Ferreira “faltou com o respeito” durante uma reunião da CPI, quando ameaçou a integridade física das vereadoras Maria de Lourdes Castro (PMDB) e Sandra Rebelato (PP). “Como eu intervi, começou uma perseguição contra a minha pessoa”, justificou.
No manifesto público divulgado pelo grupo, os manifestantes justificaram a ocupação dizendo que exigem dois direitos básicos: transporte público e justiça. “Em relação ao transporte público, nossas exigências imediatas são três: o retorno do passe livre, abertura de processo de licitação e, principalmente, a redução imediata do valor da tarifa de R$ 2,45 para R$ 2, fazendo valer à população direitos que lhe foram retirados para beneficiar empresários que monopolizam o setor do transporte em nossa cidade”, diz o documento.
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