Em meio a protestos, Tropa de Choque do Rio abre licitação para compra de armaduras "Robocop"
A Seseg (Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro) abriu licitação para aquisição de mil kits de proteção antitumulto e antitrauma, equipamento que ficou conhecido popularmente como "Robocop", para reforçar a atuação dos homens da Tropa de Choque --constantemente utilizados na onda de manifestações que se espalhou pela cidade.
O período de recebimento de propostas teve início na segunda-feira (1º), e se estenderá até a quinta-feira (11) da próxima semana. O valor total do investimento deve chegar a R$ 3,741 milhões.
A armadura é composta por 11 itens cujo objetivo é vedar regiões vitais do corpo e/ou reduzir impactos de eventuais agressões. São eles capacete; protetor de tronco, ombros e região pélvica; protetor do antebraço; protetor de coxa; protetor de joelho, canela e pé; luvas; balaclava (protetor de rosto); cinto tático com assessórios; sistema de hidratação; escudo corporal; e bolsa para transporte.
De acordo com o edital redigido pela Polícia Militar, o equipamento antitumulto é "o ultimato contra a grande ameaça antimotim", e o fornecedor deverá produzir o material com atenção a "porretadas e traumas, sem sacrificar flexibilidade e conforto". A armadura não pode pesar mais do que 5,6 kg.
"O traje deverá ser leve e terá em primeiro lugar foco na facilidade de vesti-lo ou retirá-lo em momentos críticos de anúncio de distúrbio. Frente e verso devem possuir painéis em escudo duro e um design modular flexíveis permitindo a todas as formas e tamanhos para se ajustar confortavelmente sem comprometer mobilidade tão necessária", afirma o edital.
Em dezembro de 2011, as primeiras armaduras chegaram ao Batalhão de Choque por meio de um intercâmbio com a polícia nacional francesa, a CRS (Compagnies Républicaines de Sécurité). Na ocasião, o próprio comandante da tropa, tenente-coronel Fábio Souza, participou da fase de testes:
"Eu mesmo bati com toda a força em todas as partes do corpo e, em momento algum, o polícia se abalou. Embora pareça armadura robotizada, o traje tem mobilidade."
Em abril do ano passado, a Seseg já havia comprado os primeiros 200 kits de proteção. A empresa que venceu a licitação, a Uniepis Equipamentos de Proteção, faturou R$ 214 mil.
O reforço em relação ao estoque de armaduras está diretamente relacionado com os grandes eventos que serão sediados pela capital fluminense: Copa do Mundo 2014 e Olimpíada 2016. No fim de 2011, o comandante da Tropa de Choque já havia informado que a ideia é fazer com que 100% do efetivo que atuará no Mundial esteja devidamente protegido.
Canhão d'água
No dia 25 de junho, a PM confirmou a aquisição de um canhão d'água, equipamento conhecido como "brucutu", para melhorar o desempenho da Tropa de Choque no controle de distúrbios civis.
O equipamento consiste em uma espécie de caminhão-pipa, dotado de um propulsor de água que emite jatos com forte pressão.
O canhão tem sido constantemente utilizado pela polícia turca nos protestos contra o o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que ocorrem desde o dia 31 de maio.
Capacete com sistema de resfriamento
Assim como a Tropa de Choque, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) também vem investindo em novas tecnologias para aumentar as condições de segurança e desempenho de seus policiais. A última aquisição foi um protótipo de capacete que conta com sistema de resfriamento cerebral.
A tecnologia está sendo desenvolvida e aprimorada pelo neurocientista Renato Rozental, que iniciou a pesquisa há aproximadamente 20 anos. Segundo o governo do Estado, o capacete é capaz de impedir que as lesões no cérebro aumentem, o que garante mais tempo para transferência e socorro adequado de um policial atingido em confronto.
O dispositivo seria ativado pelo militar que estivesse mais próximo ao colega ferido. O acionamento faz com que gases sejam injetados em válvulas que resfriam o cérebro, diminuindo a pressão intracraniana. "É como se colocássemos gelo no local da lesão, impedindo a propagação do edema", explicou o pesquisador.
O projeto foi viabilizado através de um acordo de cooperação técnico-científica, assinado entre o comando da Polícia Militar e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), ligada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. Cerca de R$ 450 mil foram investidos pela Faperj.
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