Topo

Beira-Mar e Marcinho VP são indiciados por planejar ataques a Afroreggae

Na madrugada de 16 de julho, um incêndio atingiu o imóvel onde funcionava a Redação do jornal "A Voz da Comunidade" e a pousada Afroreggae - Reprodução/Twitter
Na madrugada de 16 de julho, um incêndio atingiu o imóvel onde funcionava a Redação do jornal "A Voz da Comunidade" e a pousada Afroreggae Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, no Rio

27/08/2013 12h00

Os traficantes Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Bruno Eduardo da Silva Procópio, o Piná, foram indiciados na segunda-feira (26) por suspeita de terem planejado ataques contra a ONG Afroreggae, cuja sede fica no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo o titular da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), Márcio Mendonça, Beira Mar e Marcinho VP planejaram os ataques durante uma conversa ocorrida no dia 10 de maio desse ano no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Ainda de acordo com o delegado, Piná estaria envolvido na ação por ser um dos chefes do tráfico no Complexo do Alemão.

O delegado solicitou à Justiça a prisão dos três indiciados. Contra Beira Mar e Marcinho VP, ele representou pela permanência dos dois no regime disciplinar diferenciado. Piná encontra-se foragido.

Encontro

A conversa entre Beira-Mar e Marcinho VP ocorreu no parlatório do presídio, e foi gravada em áudio e vídeo. Eles ficaram separados por um vidro, e se falaram por um interfone. O encontro foi autorizado pela Justiça após Beira-Mar alegar que estava se sentindo muito sozinho em cela separada.

Ataques contra Afroreggae foram articulados dentro da prisão

Na conversa, os traficantes comentam a prisão do pastor Marcos Pereira da Silva, líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, ocorrida três dias antes. O religioso é acusado de estuprar duas fiéis de sua igreja e é investigado por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e homicídios. No diálogo, os traficantes criticam a atuação do coordenador do AfroReggae, José Júnior, que segundo deles teria "comprado" testemunhas para depor contra o pastor. Júnior nega a acusação.

Em determinado momento, Beira-Mar diz a Marcinho VP: "Tipo assim, compraram. Compraram é eufemismo. Foi o Juninho que estava por trás disso, né... Tinha que mandar um salve lá pra ele".

Segundo o delegado Márcio Mendonça, na linguagem dos traficantes a palavra "salve" quer dizer ataque, represália.

Atentados

O primeiro ataque contra o AfroReggae ocorreu 16 dias depois da conversa, durante a corrida Desafio da Paz, promovida pela ONG no Complexo do Alemão. Pouco antes da corrida, traficantes efetuaram disparos de fuzil, levando pânico a diversos participantes.

Em julho, um incêndio criminoso destruiu uma pousada do AfroReggae no Complexo do Alemão. Depois, as sedes da ONG no Alemão e na Vila Cruzeiro, no vizinho Complexo da Penha, foram atacadas a tiros.