Nova condenação por morte de Dorothy Stang coloca STF "no ridículo", diz líder da pastoral
A condenação do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o "Bida", por ordenar a morte da missionária americana Dorothy Stang, em 2005, causou alívio nas entidades de luta pelos direitos humanos no Pará, mas não diminuiu as cobranças ao Poder Judiciário por mais atenção à questão da violência agrária na Amazônia.
O julgamento ocorreu nesta quinta-feira (19), em Belém, e o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa o sentenciou a 30 anos de prisão, semelhante ao do último julgamento, em 2010.
Bida volta a ser condenado por morte de Dorothy Stang
Segundo o coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra, ligado à Igreja Católica) no Pará, padre Paulo Joanil da Silva, a decisão já era esperada. “Foi um bom resultado. O júri confirmou os anteriores, de que Bida e o consórcio do crime tiraram a vida da irmã Dorothy. Ele tinha de ser condenado”, disse.
O padre afirmou ainda que o crime abre um novo precedente para que outros processos que estão “nas gavetas da Justiça paraense” sejam julgados.
O religioso ainda citou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou novo julgamento do fazendeiro, após sua condenação a 30 anos de prisão pelo crime.
Caso José Claudio e Maria
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“O STF caiu numa manobra diabólica da defesa. O júri agora também colocou a decisão do STF no ridículo, ao manter decisão. Quem saiu derrotado também foi o Supremo. A máscara caiu”, disse.
O novo julgamento do fazendeiro ocorreu por decisão do STF, em maio deste ano, que anulou o terceiro júri popular do fazendeiro, em 2010, quando foi condenado a 30 anos de prisão. Nos dois anteriores, ele foi condenado e inocentado.
Para a professora Luiza Virgínia Morais, integrante do comitê Dorothy (grupo formado por pessoas ligadas aos direitos humanos), a justiça voltou a ser feita.
“A condenação mais uma vez do Bida é muito significativa até para rememorar todos os mártires da terra. Nós não conseguimos condenar todos os mandantes de crimes agrários, e essa decisão representa muito na luta contra a impunidade”, disse.
A ativista ainda criticou a posição dos advogados de defesa, que teriam atacado os movimentos sociais.
“A defesa bateu muito nos movimentos sociais, dizendo que quem manda no Brasil são eles. Foi injusto. Mas a gente se sente gratificado pela irmã Dorothy, que, apesar de assassinada, mantém a luta dela viva, com as conquistas daquilo que ela sempre pregou”, afirmou.
Histórico
Dorothy realizava trabalho social na região de Anapu, sudoeste do Pará, para implantação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável. Ela foi morta em 12 de fevereiro de 2005. À época com 73 anos, ela levou seis tiros após ser abordada em uma estrada de terra de difícil acesso do município.
O julgamento desta quinta-feira foi o oitavo de pessoas acusadas de envolvimento no crime e o quarto de Bida. Os outros três acusados de participação no crime também foram condenados e cumprem penas.
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