Topo

Polícia confirma estupro de menina morta na Rocinha e analisa câmeras de UPP

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

30/09/2013 13h48Atualizada em 30/09/2013 17h19

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou nesta segunda-feira (30) que Rebeca Miranda Carvalho dos Santos, 9, foi estuprada antes de ser assassinada por esganadura na favela da Rocinha, na zona sul da cidade, na noite de sábado (28).

Segundo o chefe de operações da delegacia, Rafael Rangel, o abuso sexual foi constatado em laudo do IML (Instituto Médico-Legal). O policial também afirmou que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha encaminhou ao ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) cópia do conteúdo das câmeras de segurança da favela.

As imagens podem mostrar uma eventual movimentação suspeita no dia do crime, de acordo com o chefe de operações. "A UPP reservou essas imagens e elas já estão sendo analisadas. Não existe um prazo para que isso ocorra. Temos 30 dias para concluir o inquérito", disse.

O corpo da vítima foi encontrado na manhã de domingo (29) em uma localidade conhecida como Cachopa, onde há um posto da UPP. Uma perícia foi realizada no local, e sete testemunhas foram ouvidas até o início da tarde desta segunda.

Rebeca estava em uma festa infantil na comunidade e sumiu em circunstâncias ainda não esclarecidas pela DH. A mãe da criança, Maria Miranda de Mesquita, foi ouvida no dia do registro do boletim de ocorrência, mas não conseguiu dar informações concretas em razão do choque emocional. Ela deve prestar novo depoimento durante a semana.

Os investigadores também trabalham para identificar novas testemunhas. No domingo, um menino --cuja idade não foi informada-- afirmou à polícia ter visto um homem vestido com um casaco na companhia de Rebeca pouco antes do desaparecimento. O depoente seria morador da Rocinha e também estava na festa.

"Não podemos entrar em detalhes. Os depoimentos de menores são sempre vistos com reserva. Esse menino foi ouvido por dois psicólogos", disse Rangel.

Crime 'extremamente brutal'

O delegado-assistente da Divisão de Homicídios, Henrique Damasceno, afirmou que o assassinato de Rebeca foi um "crime gravíssimo e extremamente brutal". Ele disse contar com o apoio dos moradores da Rocinha, em especial através do Disque-Denúncia, e com a cooperação dos policiais militares da UPP da comunidade.

"Desde que houve a comunicação da ocorrência, todos os esforços da DH estão voltados para esse crime gravíssimo e extremamente brutal contra uma criança. Estamos empenhando todos os esforços possíveis para encontrar o autor desse crime", afirmou. "Vamos fazer uso de todos os recursos possíveis: desde imagens, a questão do Disque-Denúncia, a entrevista com os moradores e as diligências em campo."

Damasceno disse ainda que os detalhes sobre a investigação não podem ser divulgados em função das circunstâncias do crime, uma vez que há crianças entre as testemunhas que já foram ou ainda serão ouvidas pela polícia. O conteúdo dos depoimentos também não foi informado.

Enterro

A menina foi enterrada no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul. O pai da menina, Reinaldo dos Santos, disse estar inconsolável. "Peço a Deus que me dê força e coragem para lutar e criar meu outro filho. Para fazer dele um guerreiro como ela era. Os dois viviam juntos e se davam muito bem", afirmou, ao falar sobre o filho de 12 anos, também chamado Reinaldo.

Parentes e amigos que acompanharam o enterro contaram que Rebeca foi encontrada vestindo apenas uma camiseta e que próximo ao corpo dela havia saquinhos de droga, uma camisinha e um pedaço de madeira com pregos. Todo o material foi recolhido pela perícia.