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Jovem diz que foi presa em protesto no Rio por reagir após PM chamá-la de "gostosa"

A estudante Anne Melo, moradora do Bairro de Fátima, afirmou ter sido presa por agentes da Tropa de Choque após ser chamada por um dos policiais de "gostosa" - Reprodução/Facebook
A estudante Anne Melo, moradora do Bairro de Fátima, afirmou ter sido presa por agentes da Tropa de Choque após ser chamada por um dos policiais de "gostosa" Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, no Rio

08/10/2013 19h51

A estudante Anne Melo, moradora do bairro de Fátima, afirmou ter sido presa por agentes da Tropa de Choque após ser chamada por um dos policiais de "gostosa", durante o protesto realizado na noite de segunda-feira (7), no centro do Rio de Janeiro.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que a jovem foi detida sob acusação de desacato. Na versão de Anne, após receber o suposto "elogio" de um PM que estava na garupa de uma moto do Choque, ela respondeu ao policial de forma "agressiva".

"Tenho q responder por desacato ao babaca do policial, sabendo q ele me faltou com respeito, mas fora isso...ta tudo certo [sic]", afirmou a jovem em sua página no Facebook.

Anne foi levada pelos policiais militares à 12ª DP (Copacabana), na zona sul do Rio, onde a ocorrência foi registrada.

Procurada pela reportagem do UOL, a assessoria da PM informou que, no distrito policial, Anne assinou um termo circunstanciado e foi liberada em seguida. A corporação não comentou a acusação da manifestante sobre a suposta conduta do agente da Tropa de Choque.

DETIDA NO RIO, JOVEM DIZ QUE FOI CHAMADA DE "GOSTOSA" POR PM

Ainda de acordo com a Polícia Militar, "eventuais problemas de conduta dos policiais podem ser informados" aos órgãos competentes (Ouvidoria e Corregedoria). Fatos como esse também podem ser relatados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar.

Choque foi "além de suas atribuições", diz PM

A Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou nota na noite desta terça-feira (8) na qual afirma que a Tropa de Choque foi "além de suas atribuições, apagando um incêndio num ônibus [da linha] 324", em referência à atuação dos agentes no protesto da noite de segunda-feira (7), no centro da capital fluminense, que terminou em confronto entre a PM e manifestantes conhecidos como "black blocs".

Na ocasião, por volta das 20h50, mascarados que participavam da passeata em favor do movimento dos professores --a categoria está em greve desde o dia 8 de agosto-- depredaram e atearam fogo em um ônibus na avenida Rio Branco. As chamas teriam sido apagadas, na versão da PM, pelos homens da Tropa de Choque. Outros dois veículos também foram tomados por manifestantes e por pouco não foram incendiados.

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O comando da Polícia Militar informou ainda que "começou a agir com todos os seus recursos adequados" no momento em que os black blocs começaram a cometer atos de vandalismo na rua Evaristo da Veiga, na lateral da Câmara de Vereadores.

"A corporação pautou suas ações pelo patrimônio público e privado, conduzindo 18 suspeitos para delegacias da Polícia Civil", informou a PM, em nota.

Apesar da visível ausência da Polícia Militar durante a passeata, que seguiu pela avenida Rio Branco em direção à Cinelândia, a assessoria da corporação disse hoje que cerca de 750 homens e mulheres foram empregados na segurança do ato, "atuando em ruas adjacentes". "A PM avalia que sua atuação evitou danos ainda maiores ao centro da cidade", finalizou.

Depredação

Durante o protesto, um grupo de manifestantes jogou ao menos três bombas caseiras (coquetel molotov) na porta lateral da Câmara dos Vereadores pela rua Evaristo da Veiga -- onde há também um quartel da PM. Após a terceira bomba, a porta quase pegou fogo. A confusão começou por volta das 20h. Grupos de manifestantes quebraram também agências bancárias.

Logo depois, dois grupos da tropa de choque da PM cercaram os manifestantes que tentavam colocar fogo na Câmara e conseguiram dispersar o grupo. Cinco ônibus foram queimados no centro da cidade. Um pouco antes, a reportagem do UOL presenciou um intenso confronto entre manifestantes e policiais -- cinco guarnições do choque entraram em ação com dezenas de bombas de efeitos moral e muitos tiros de bala de borracha para dispersar o grupo.

Manifestantes também jogaram muitas pedras no Consulado Americano durante os protestos que ocorreram na noite desta segunda. As janelas da instituição ficaram quebradas. Policiais militares do Batalhão de Choque se posicionaram próximo ao consulado e dispersaram os manifestantes com bombas de gás e de efeito moral.

A entrada do edifício Serrador, sede da empresa de Eike Batista, foi totalmente destruída pelos vândalos. Eles usaram os próprios tapumes para quebrar as vidraças. Na semana passada, policiais e manifestantes entraram em conflito com o saldo de 23 feridos.

Após a entrevista, o presidente da Câmara caminhou com fotógrafos e jornalistas pelas salas, segundo ele, atingidas pela depredação. O gabinete da liderança do DEM foi o local mais destruído, com vidros da janela quebrados e material incendiado.  No chão, havia um morteiro e restos de uma garrafa que, segundo a brigada de incêndio da casa, era de um coquetel molotov lançado por manifestante.

Em outro local atingido, o Gabinete Militar, além dos vidros quebrados havia pedras e um forte cheiro de gasolina. Na sala do cerimonial, restos de um par de sapatos feminino queimado, ainda segundo a brigada militar, jogado por manifestante para provocar incêndio no local.

Destruição na Alerj

No dia 18 de junho deste ano, a região central do Rio de Janeiro já havia presenciado a depredação de uma casa legislativa fluminense: funcionários da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) ficaram presos na Casa enquanto os manifestantes invadiam o prédio por uma janela lateral. Os manifestantes lançaram pedras e bombas dentro do prédio.

Na ocasião, o Batalhão de Choque demorou algumas horas para retomar o controle do prédio e das ruas no entorno. Muitas balas de borracha e bombas de efeito moral foram disparadas pelos PMs, e os manifestantes dispersaram rapidamente após a chegada da polícia.

Os 20 PMs feridos que aguardavam socorro dentro do prédio da Alerj foram retirados do local, assim como os funcionários da Casa.