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Velocidade será reduzida para 40 km/h em 14 vias do centro de SP a partir desta segunda

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

20/10/2013 06h00

A velocidade máxima para veículos em 14 vias da região central de São Paulo vai cair de 50 km/h para 40 km/h a partir desta segunda-feira (21). Nos corredores de ônibus, a redução vai passar de 60 km/h para 50 km/h.

A medida vai se restringir às ruas do interior da área chamada de Rótula Central, com extensão de cerca de 5 km, que inclui as avenidas Mercúrio, Senador Queirós, Ipiranga e São Luís, o viaduto Nove de Julho, o viaduto Jacareí, a rua Maria Paula, o viaduto Dona Paulina, a praça Doutor João Mendes, a rua Anita Garibaldi, a praça Clóvis Beviláqua, a avenida Rangel Pestana, o viaduto 25 de Março e o viaduto Mercúrio.

Ainda em fase de adaptação, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a nova velocidade não vai gerar multa para os motoristas desavisados pelo menos nos primeiros dias. O órgão não especificou ainda quanto tempo vai durar esse período educativo, mas disse que vai espalhar 136 placas de sinalização vertical de regulamentação e advertência, além de 217 m² de sinalização horizontal em vias afetadas pela mudança para alertar os paulistanos.

A proposta, como explicou a CET, busca melhorar a segurança dos pedestres e ciclistas, além de reduzir o índice de acidentes e atropelamentos na área. "A região interna à Rótula Central concentra grande volume de pedestres, que ainda representam o maior número de vítimas no trânsito em São Paulo", disse a companhia em nota, que citou que, em 2012, haviam sido registradas 540 mortes de pedestres na cidade.

Para o presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), José Montal, a redução da velocidade segue uma recomendação internacional. "Pesquisas revelam que 95% das pessoas se salvam em acidentes envolvendo veículos com velocidade de cerca de 30 km/h. Mas 99% morrem quando os carros estão a 64 km/h", cita ele, que relata a preservação da vida como sendo o principal ganho da medida.

Ao defender a redução da velocidade, Montal relata ainda um estudo internacional que diz que a administração dos riscos no trânsito é possível em velocidades de até 50 km/h. "Acima deste limite, se perde o controle relacionado a esses riscos", acrescenta. Segundo ele, a medida pode ainda trazer ganhos financeiros aos cofres públicos. "Os acidentes de trânsitos custam cerca de 1,5% a 2% do PIB [Produto Interno Bruto] de um país. Gastos que estão relacionados com o pagamento de indenização, internações e até invalidez."

Já o temor de que a nova velocidade complique ainda mais o trânsito na região central de São Paulo é descartado pelo consultor e especialista em trânsito Horácio Augusto Figueira. "A velocidade média dos carros nos horários de pico é de 15 km/h, portanto o limite de 40 km/h é só uma ilusão", afirma. Para ele, mesmo fora dos períodos de maior movimento, por conta do grande número de semáforos a velocidade média na região é de 20 km/h.

E a fluidez do trânsito, na opinião de Montal, também está diretamente ligada à redução de acidentes, já que eles "são os maiores complicadores do trânsito".

Reduções em novas áreas

Figueira defende que a redução da velocidade máxima permitida para os veículos também seja implantada nos centros dos grandes bairros, tais como Santana, Penha, Pinheiros e Santo Amaro. "Todos os lugares onde haja uma grande movimentação de pedestres e fluxo grande de travessia", afirma ele, que cita ainda ser necessária a mudança em vias próximas a estações de metrô e terminais de ônibus.

A CET informa que a região central será apenas a primeira a receber a operação, mas não diz quais outras áreas podem ser beneficiadas, tampouco a data dessa implementação.

Ainda assim, em setembro deste ano, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse que pretendia reduzir a velocidade máxima permitida na avenida Paulista, na região central de São Paulo, que atualmente é de 60 km/h.

Tatto não divulgou, porém, qual será o novo valor nem quando pretende efetivar a redução na avenida. De acordo com ele, o limite atual não é "razoável", mas estudos ainda estão sendo realizados.

A avenida Paulista teve o limite reduzido de 70 km/h para 60 km/h em julho de 2011, dentro do programa de padronização dos limites adotado pela gestão Gilberto Kassab (PSD) para aumentar a segurança do trânsito.