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Morador de rua usa canivete para se proteger de agressão de skinheads no centro de Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

23/10/2013 16h29

Um grupo de três skinheads, ou carecas, agrediu um morador de rua no Largo da Ordem (Centro Histórico de Curitiba) na noite de terça-feira (22), informou a polícia do Paraná. A vítima se defendeu com um canivete e atingiu um dos agressores, que foi levado ao Hospital Evangélico (zona oeste da cidade), onde recebeu atendimento ambulatorial e foi liberado em seguida.

O morador de rua, que não teve identidade e idade reveladas, está detido numa delegacia no centro da capital, informou o delegado Vinícius Carvalho, que irá investigar o caso. “O exame de corpo de delito constatou que ele apanhou bastante de pessoas que, segundo ele e os PMs que o trouxeram, têm características de skinheads”, disse.

Apesar de ser a vítima, o morador de rua permanece detido, nesta quarta (23), “por segurança”, justificou o delegado. “Como ele não tem residência fixa, não poderíamos localiza-lo caso fosse necessário para a investigação. E ainda não ouvi o outro lado para saber se a história dele é verdadeira.”

O morador de rua foi autuado por lesão corporal grave. O skinhead que foi levado ao Evangélico, que foi identificado, será intimado a depor, e poderá responder por lesão corporal e formação de quadrilha. “Segundo a vítima, os agressores gritavam que 'estavam na pista' e que 'era para avisar que quem cuidava da região eram eles'”, falou Carvalho.

Este é, pelo menos, o segundo caso de ataques de skinheads no Centro de Curitiba em 2013. Em março, um punk foi agredido e morto a facadas por um grupo de dez carecas no São Francisco. Apesar disso, a polícia os trata como “casos isolados”.

“É o primeiro caso em que atuo com skinheads. Mas já vi outros casos pela imprensa. Já houve outras prisões de skinheads na cidade. Eles costumam adotar regiões para atuar, de forma semelhante a gangues de periferia e torcidas organizadas”, disse o delegado.

Procurados pela reportagem, MPE (Ministério Público Estadual) e Polícia Civil responderam, via assessorias, que não mantêm estatísticas de ataques de skinheads ou de crimes de ódio no Estado.