Marido de PM de UPP é decapitado; cabeça é deixada em mochila na porta de casa
O marido de uma policial militar lotada na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do São Carlos, comunidade localizada no Estácio, no centro do Rio de Janeiro, foi decapitado e teve a cabeça deixada dentro da própria mochila na porta de casa, em Bangu, na zona oeste da cidade, na manhã desta terça-feira (29), segundo informações da PM.
A vítima, que não teve a identidade divulgada, era comerciante e foi assaltada na porta do seu estabelecimento, próximo à comunidade Minha Deusa, em Realengo, também na zona oeste, na noite desta segunda (28). O marido da PM foi levado em seu carro, um Hyundai I30, que foi roubado. O caso está sendo investigado pela DH (Divisão de Homicídios) da Polícia Civil, e a policial foi até a delegacia para depor. A perícia já foi feita no local.
Ainda de acordo com a Polícia Militar, depois que o comerciante foi sequestrado, sua mulher, que é soldado da PM, foi até a delegacia da região para registrar o desaparecimento do marido. "Na manhã desta terça, por volta das 6h, ela ouviu uma movimentação na frente de sua residência, em Bangu, e foi até o portão. Na calçada ela reconheceu a mochila do marido e ao abrir se deparou com a cabeça dele", afirmou a corporação, em nota.
A PM informou ainda que a soldado foi até a DH prestar depoimento na manhã desta terça e que policiais militares do 14º BPM estão realizando buscas na região para localizar o carro e o restante do corpo.
Na última quinta-feira (24), sete pessoas foram assassinadas na noite em uma casa na rua Nuretama, em Realengo, por tiros de fuzil. As circunstâncias da chacina estão sendo investigadas pela DH (Divisão de Homicídios) da Polícia Civil. Homens armados dispararam contra as vítimas, cinco homens e duas mulheres, com idades entre 21 e 37 anos, que estavam na varanda do imóvel. Segundo parentes e vizinhos, a casa era usada como um ponto de consumo de drogas.
Casos de violência em UPPs
Episódios violentos envolvendo UPPs têm sido cada vez mais comuns no Rio de Janeiro. No último domingo (27), uma mulher foi morta na porta de casa, na avenida Miguel Salazar Mendes de Moraes, que fica na Cidade de Deus, também na zona oeste. Lúcia Araújo Moraes Peixoto, 32, foi assassinada com três tiros na frente do filho.
Na manhã da última quinta-feira (24), o comércio foi fechado após confronto entre homens armados e a Polícia Militar, na UPP do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul da cidade, após a morte de um homem no conflito.
Para a professora Sonia Fleury, coordenadora do Programa de Estudos sobre a Esfera Pública da Ebape/FGV (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas), o que aconteceu no morro Pavão-Pavãozinho, assim como casos similares na Rocinha ou no Complexo do Alemão, por exemplo, demonstra que o medo ainda faz parte da vida de moradores de comunidades com UPPs do Rio, que, segundo ela, sentem-se inseguros por saberem que traficantes de drogas continuam a atuar nessas localidades.
Na UPP da Rocinha, em São Conrado, zona sul da cidade, inaugurada em setembro do ano passado, a investigação sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, em julho, revelou que ele foi vítima de tortura praticada por policiais da própria unidade. O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou 25 PMs pelo crime, que provocou protestos em toda a cidade. Por conta da repercussão do caso, vieram à tona outras denúncias feitas por moradores da favela ao MP envolvendo mais de 20 vítimas de tortura praticados pelos PMs da UPP.
No último dia 17, moradores da UPP de Manguinhos, na zona norte do Rio, protestavam contra a morte de um rapaz de 18 anos na comunidade, e policiais da unidade utilizaram armas de fogo durante a manifestação. Uma jovem levou um tiro na perna durante o ato. A família de Paulo Roberto Pinho de Menezes, 18, aponta os PMs da UPP como responsáveis pelo óbito do rapaz.
Um dia depois, dois PMs da UPP instalada no Complexo do Alemão foram baleados durante troca de tiros com homens suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. Uma UPP foi instalada no local em maio de 2012, mas casos de violência ainda são frequentes na comunidade.
Em maio, o tráfico de drogas impôs toque de recolher obrigando comerciantes do Alemão e da Penha e escolas da região a fecharem suas portas. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a ocorrência sinaliza que o processo de pacificação em curso no conjunto de favelas ainda não está completo e que a política de enfrentamento adotada pelo Estado está prestes a atingir o seu limite.
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